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Economia

Petrobras reserva R$ 252 mi para UFN3, mas obra só será debatida após eleição

Segunda a ministra Simone Tebet, valor será utilizado para preservação da estrutura gigantesca montada em MS

Por Jhefferson Gamarra e Fernanda Palheta | 27/09/2024 16:15
Unidade de fertilizantes nitrogenados (UFN-III), em Três Lagoas (MS) (Foto: Nelson Mendes/Petrobras)
Unidade de fertilizantes nitrogenados (UFN-III), em Três Lagoas (MS) (Foto: Nelson Mendes/Petrobras)

A Petrobras reservou R$ 252,3 milhões no próximo ano para manter a estrutura da UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III), em Três Lagoas, a 327 quilômetros de Campo Grande. A quantia foi apresentada pelo governo federal na LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2025, enviada ao Congresso. A retomada efetiva das obras, no entanto, será discutida após as eleições municipais de 2024, com uma reunião entre o governador Eduardo Riedel (PSDB), a ministra Simone Tebet e a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

Conforme a LOA, o órgão responsável pelo aporte é o Ministério de Minas e Energia, por meio da Petrobras. O documento detalha que os R$ 252,35 milhões serão destinados à "implantação de uma unidade de produção de fertilizantes nitrogenados, com capacidade de produção anual de 1,223 milhão de toneladas de ureia e 70 mil toneladas de amônia, no Estado de Mato Grosso do Sul", com um custo total estimado em R$ 3,699 bilhões.

O montante de R$ 252,3 milhões reservado para 2025 tem como finalidade manter a estrutura da UFN3 preservada até que as obras possam ser retomadas. Segundo a ministra do Orçamento e Planejamento, Simone Tebet, o valor será utilizado para garantir que os equipamentos da planta continuem em boas condições, além de cobrir custos com jardinagem e segurança, essenciais para evitar a degradação do complexo.

Ministra Simone Tebet comentou que valor previsto é para manutenção do empreendimento (Foto: Henrique Kawaminami)
Ministra Simone Tebet comentou que valor previsto é para manutenção do empreendimento (Foto: Henrique Kawaminami)

“Claro que ali você não vai gastar tudo com isso, mas tem que manter os equipamentos, você tem que pagar a segurança, você tem que pagar a jardinagem que não pode entrar na máquina, toda a parte de mato. Então você tem um problema de equipamentos de segurança para as pessoas que ficam lá, você tem uma estrutura imensa, eu nunca vi algo tão grande na minha vida, olha que eu já vi muita coisa. Muitas fábricas de celulose, elas não chegam nos pés da estrutura que é uma fábrica de fertilização de comércio, que vai ser a maior da América Latina”, destacou Simone.

Ainda que o valor destinado na LOA 2025 seja modesto comparado ao total necessário, cerca de 6% do total estimado para a finalização do empreendimento, ele é considerado fundamenta para garantir que a unidade não se deteriore até que os estudos de viabilidade e as decisões sobre o futuro do empreendimento sejam finalizados.

A retomada da UFN3 não ocorrerá no curto prazo. A ministra afirmou que a conclusão da obra não acontecerá nem este ano, nem no primeiro semestre de 2025. Uma reunião estratégica, envolvendo a Petrobras, o governo de Mato Grosso do Sul e representantes da estatal, está agendada para outubro ou novembro, logo após as eleições municipais.

"Nós já estamos com uma agenda pré-marcada com o governador, com a nova presidenta da Petrobras. Nós já tínhamos discutido com o anterior [Jean Paul Prates], que disse que ia retomar, ele foi em Três Lagoas, ele visitou toda a obra. Não é porque muda o presidente que volta passos para trás, nós não demos nenhum passo para trás, mas não é pouco dinheiro. Então agora é o estudo de viabilidade para ver se Petrobras vai investir 3 bilhões sozinha ou vai ter um parceiro”, pontuou Tebet.

A construção da UFN3, anunciada como um dos maiores projetos de fertilizantes da América Latina, tem enfrentado uma série de obstáculos desde o início. Quando foi paralisada em 2014, a obra estava 81% concluída e desde então, várias tentativas de retomar o projeto falharam. Em 2022, a empresa russa Acron manifestou interesse em adquirir a unidade, mas as negociações não avançaram devido às divergências sobre o modelo de operação. A Acron pretendia transformar a UFN3 em uma fábrica de mistura de fertilizantes, proposta que não recebeu apoio do governo estadual nem da Prefeitura de Três Lagoas, que desejam manter o projeto original.

Em abril deste ano, o então presidente da Petrobras, Jean Paul Prattes visitou a planta da unidade de fertilizantes e anunciou que a obra precisa de investimento de R$ 5 bilhões para ser finalizada. A previsão era de que o estudo de viabilidade técnica e econômica e o processo de licitação poderiam ser iniciados ainda neste ano para a unidade entrar em operação em 2028.

O modelo atual da UFN3 prevê a produção de 3.600 toneladas diárias de ureia e 2.200 toneladas de amônia, utilizando 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Quando concluída, a unidade será a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina, o que a torna estratégica tanto para o agronegócio brasileiro quanto para a Petrobras.

 Retomada de investimentos no setor - De acordo com a ministra Simone Tebet, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou como pauta desde o primeiro dia de governo a retomada de investimentos no setor de fertilizantes. Em agosto, a fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A., em Araucária (PR), foi reativada. A fábrica paranaense estava "hibernada" desde 2020 e entrará em funcionamento de forma definitiva no próximo ano.

"Quando a gente assumiu o Ministério, quando o presidente Lula assumiu, uma das primeiras agendas que nós tivemos com ele foi sobre possibilidade de retomada de fertilizantes, tinha pelo menos três plantas da Petrobras paralisadas. Já fizeram uma que estava mais adiantada, aliás, ela estava só parada, então estava pronta, eles reativaram. Agora faltam pelo menos duas e a de Mato Grosso do Sul está previsto para 2026, é a informação que eu tive", comentou a ministra.

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