Professores destacam clareza e avaliam primeira prova do Enem como fácil
Além de questões de linguagens e ciências humanas, os candidatos ainda tiveram que redigir uma redação
A primeira etapa do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2024, realizado neste domingo (3), foi considerada fácil por professores de linguagem e redação. A prova foi composta por 45 questões de linguagens (Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira – Inglês ou Espanhol -, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação), 45 questões de Ciências Humanas (História, Geografia, Filosofia e Sociologia) e a redação, que esse ano teve como tema: “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.
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A primeira etapa do Enem 2024, realizada no dia 3 de setembro, foi considerada fácil por professores de linguagem e redação. A prova teve comandos claros e diretos, com foco em linguagens não verbais e textos curtos, como charges. O tema da redação, "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil", foi considerado fundamental, abordando a identidade brasileira e a necessidade de inclusão e respeito aos afrodescendentes. Os professores destacaram que o tema, embora não fosse o esperado, está dentro do eixo temático que vem sendo abordado pelo Inep desde 2011, e reflete as discussões sobre a história do Brasil.
O professor de linguagem dos colégios Nota10 e Évora, Augusto Ferreira Sampaio Rosa, destacou a clareza em todo o exame. “Os comandos estavam mais diretos, isso facilita bastante. Foi mais fácil comparada às provas anteriores, tanto por uma clareza maior, quanto na própria redação, com uma proposta bem direta. Isso tudo facilita para o aluno interpretar”, explicou.
Augusto ainda apontou que a prova foi rica em linguagens, não textos robustos e continha muitos textos verbais, como charges. “Partes da prova geral também dialogavam muito com a redação”. Ele cita questões que abordaram a negritude do autor brasileiro Machado de Assis, a obra Falência de Júlia Lopes de Almeida e o grupo de rap Racionais. “Tudo isso ajuda o aluno a pensar na discussão étnica proposto”.
Para ele, o tema da redação também não foi difícil. “Estamos em uma época que o Brasil vem discutindo sobre esse passado colonialista e que fez questão de apagar os elementos culturais tanto da cultura negra como dos povos indígenas. E por mais que exista uma discussão de conteúdo nas escolas, nós pouco temos vistos materiais, inclusão de fato”, finalizou.
A professora de redação do cursinho Refferencial, Lorhaine Amaral, considera o tema como fundamental. “Aborda muito a questão da identidade brasileira, a formação, a valorização, traçando, claro, um desafio que está voltado para essa necessidade de incluir, de trazer justiça, de trazer importância, de trazer respeito para o afrodescendente”.
Ela ainda exemplifica os aspectos que poderiam ser abordados na redação. “Um exemplo é a religião. Temos o candomblé e umbanda que, ao mesmo tempo, poderia ser relacionado à questão da intolerância religiosa. Outra coisa que poderia ser abordada é o Dia da Consciência Negra, que esse ano passou a ser um feriado nacional”, disse.
Já o professor de redação do Colégio Nota10, Carlos Eduardo Silva, aponta o tema da redação condiz com o que vem sendo abordado ao longo dos últimos anos pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). “Faz parte do eixo que discute a questão da sociedade e do comportamento e é o eixo temático que mais tem caído na prova desde 2011. Ele acaba sendo um desmembramento do tema também de 2023, que era sobre a valorização dos povos originários, porém com uma questão específica que é sobre a herança dos povos africanos no Brasil”, avalia.
Segundo ele, não era o tema esperado pela maioria dos professores e alunos, que apostavam em assuntos mais atuais. “Porém não há o que reclamar, o tema ele está dentro de tudo aquilo que se espera e reflete obviamente as discussões que são tidas em sala de aula e aquilo que se espera do ensino médio. Vi um tema sem muita complexidade, com viés muito forte de história do Brasil”, completou.
O coordenador e professor do Colégio e Cursinho Refferencial, Edilson Soares da Silveira, afirma que a prova foi conteudista. “O que é um bom sinal para aquele aluno que estuda conteúdo, com certeza, acreditamos que eles saíram muito melhores”, disse.
O maior desafio para os candidatos era o tempo. “Hoje é uma prova de duração maior devido à redação, é uma prova com muitas questões humanas e linguais, é claro, muito interpretativo, com textos muito longos, mas de forma geral a prova veio com questões bem fáceis”, finalizou.
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