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Esportes

Largada em MS é “laboratório” para Sertões virar maior rally do mundo

Competição pretende superar o Dakar em 2022, quando percurso deve rasgar o País de Norte a Sul

Jones Mário | 21/08/2019 14:18
Carros, motos, quadriciclos e UTVs começaram a desembarcar na Vila Sertões nesta segunda-feira (Foto: Kísie Ainoã)
Carros, motos, quadriciclos e UTVs começaram a desembarcar na Vila Sertões nesta segunda-feira (Foto: Kísie Ainoã)

Em três anos, o Rally dos Sertões quer superar o Dakar e se tornar a maior competição do automobilismo off-road do Mundo. A organização do evento crê que a passagem por Mato Grosso do Sul, com direito a largada inédita em Campo Grande, servirá de laboratório para alçar a disputa a este patamar.

As 66 equipes começaram a desembarcar hoje motos, carros, quadriciclos e UTVs (veículos utilitários multitarefas) na Vila Sertões, instalada no estacionamento da Feira Central. A edição de 2019 do rally bateu recorde de inscrições, com 302 pilotos e navegadores distribuídos por 187 veículos.

Diretor de comunicação do evento, Mário Andrada diz que a Capital “foi escolhida a dedo” pela organização. “Já é uma cidade de maior porte e tem algo que pode parecer besteira, mas a gente sente que o clima aqui está favorável. As pessoas e governantes estão mentalmente preparadas para receber e aproveitar o rally”, destaca.

Mário Andrada, diretor de comunicação do evento, na Vila Sertões (Foto: Kísie Ainoã)
Mário Andrada, diretor de comunicação do evento, na Vila Sertões (Foto: Kísie Ainoã)

Os organizadores já planejam a prova de 2022, ano do aniversário de 30 anos do Rally dos Sertões. A intenção é que o percurso rasgue o Brasil de Norte a Sul, do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS).

As expedições oficiais para não-competidores são uma das principais novidades que serão testadas na edição deste ano, a 27ª da história do campeonato. A modalidade permite que pessoas comuns acompanhem todo o trajeto do rally, o que já era feito de maneira independente por amantes do esporte. A partir deste ano, a organização dos Sertões registra os não-competidores e presta apoio logístico.

Com as expedições como parte da programação, o número de participantes dobrou. Foram inscritas 117 pessoas este ano, com 36 carros e 18 motos. A edição passada contou com 51 “aventureiros”, 16 automóveis e 12 motocicletas.

Rally dos Sertões registrou recorde de inscritos este ano, com 302 competidores e 187 veículos (Foto: Kísie Ainoã)
Rally dos Sertões registrou recorde de inscritos este ano, com 302 competidores e 187 veículos (Foto: Kísie Ainoã)

Impacto – Por onde passa, o circo do Rally dos Sertões leva 1,8 mil pessoas, desde competidores, mecânicos, estafe, cozinheiros e organizadores. Baseado no cálculo do Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), que estima gasto de R$ 350,00 por turista, o evento prevê impacto de R$ 630 mil por dia no comércio das cidades anfitriãs.

No caso de Campo Grande, onde os envolvidos com a prova devem ficar pelo menos quatro dias até a largada no domingo (25), R$ 2,5 milhões devem ser injetados nos restaurantes, hotéis, bares e lojas da economia local.

O evento ainda prospecta gastar R$ 75 mil por cidade somente para abastecimento dos veículos integrantes das expedições oficiais. Já a ocupação de hotéis vai superar o dobro da marca de 2018 – de 182 para 407 quartos.

A largada faz parte do calendário de comemorações dos 120 anos da Capital. O prefeito Marquinhos Trad (PSD) é entusiasta do evento.

“A partir do momento que ele é o segundo maior rally do mundo, só perde para o Paris Dakar, trazer para Campo Grande, com show e estrutura, e não apenas isso. Você não vai ver carros e motoristas, você vai ver um legado de assistência social. Eles chegam a lugares que o braço do estado não consegue chegar, porque chegar no centro da cidade é fácil, alcançar os pequeninos é que é difícil”, comentou Trad na manhã de hoje, durante agenda pública.

Social – Com a caravana, o Rally dos Sertões leva também atendimento médico e assistência gratuita por onde passa. Este ano serão quatro carretas, com destaque para a atenção oftalmológica. Os médicos do circo farão exames de vista nas crianças das comunidades isoladas no percurso da competição. Se constatado algum tipo de problema, os óculos são garantidos por parceiros do rally.

As carretas para atendimento de saúde também vão oferecer exames de colo de útero (Papanicolau) às mulheres das comunidades, prevenção ao câncer de pele e serviços odontológicos.

Navegador Fábio Pedroso chegou nesta segunda-feira em Campo Grande (Foto: Kísie Ainoã)
Navegador Fábio Pedroso chegou nesta segunda-feira em Campo Grande (Foto: Kísie Ainoã)

Competição - Navegador do UTV número 216 da equipe Varela’s Rally Team, Fábio Pedroso chegou nesta quarta-feira (21) em Campo Grande. Em sua nona edição da prova, o competidor revela que não adianta antecipar todo o trajeto.

“Cada ano é uma novidade. Já passamos uma vez por Mato Grosso do Sul e o terreno costuma ter muitas lombas como obstáculos”. Pedroso ainda garante que não se intimida pela presença recorde de 302 competidores. “Quanto mais, melhor”, resume.

A edição de 2019 dos Sertões larga no domingo (25) de Campo Grande, da Feira Central, e percorre 4.887,59 quilômetros - dos quais 2.832 quilômetros de especiais cronometradas - até Aquiraz, no Ceará. Serão nove cidades anfitriãs e seis estados.

Pista do prólogo do rally foi instalada em frente à Praça do Papa (Foto: Kísie Ainoã)
Pista do prólogo do rally foi instalada em frente à Praça do Papa (Foto: Kísie Ainoã)

O prólogo, que define a ordem de largada, será no sábado (24), a partir de 7h, em pista de 2,2 quilômetros montada em frente à Praça do Papa. A arena tem espaço para 6 mil pessoas. As tomadas de tempo serão encerradas com show da dupla Bruninho e Davi, às 21h.

Após deixar a Capital, os pilotos e navegadores percorrem 487 quilômetros até Costa Rica, na região norte do Estado, primeiro destino da prova. Os competidores deixam Mato Grosso do Sul na segunda etapa e só param após 639 quilômetros, em Barra do Garças (MT).

O Rally dos Sertões ainda dorme em São Miguel do Araguaia (GO), Porto Nacional (TO), São Félix do Tocantins (TO), Bom Jesus (PI) e Crateús (CE) até a chegada em Aquiraz. (Colaborou Izabela Sanchez)

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