Noite de MMA atrai público, mas lutas e organização provocam queixas
Promotores estimaram que evento reuniu 3,5 mil pessoas. Com 9 combates, nem todos saíram satisfeitos
A noite de sábado (11) foi de pancadaria. Quem gosta de ver uma boa briga, mas no octógono,compareceu ao ginásio de esportes do Rádio Clube Campo, em Campo Grande, para assistir à 21ª edição do Predador FC (Fight Championship), que reuniu 18 lutadores de MMA (Mixed Martial Arts). Os organizadores estimaram o público em 3,5 mil pessoas.
Como bom brasileiro, a maioria dos torcedores deixou para comprar ingresso na última hora. Quem não queria encarar a longa fila poderia optar pelos vários cambistas, que circulavam tranquilamente em frente ao estacionamento. Questionado sobre o valor do ingresso, um dos cambistas confirmou que a venda “era boa” e a entrada custava R$ 40,00.
A procura fez com que os organizadores atrasassem em mais de duas horas o início dos combates.
As atrações principais estiveram presentes. O lutador do UFC (Ultimate Fight Championship) Felipe Sertanejo foi o primeiro a chegar ao ginásio. Posteriormente, apareceram Sabrina Soares e Gil Jung, que trabalharam como ring girls. As lutas começaram apenas quando Júnior Cigano, campeão mundial pelo UFC, apareceu.
O primeiro combate ocorreu entre Climério Costa e Elton Santos, na categoria até 66 kg. E o combate não passou do primeiro round. Por estrangulamento, Climério abriu a noite com vitória.
A luta empolgou o público. O segundo confronto foi caseiro, entre sul-mato-grossenses no peso até 84 kg. Glauber Valadares, da Academia Chute Boxe, contava com o apoio da torcida. Rafael Carvalho substituía Rangel Farias, que deixou o card por contusão.
Ovacionado, Valadares não conseguiu passar do primeiro round. Um soco direto o deixou no chão e fez com o que o árbitro Nílson Pulgatti encerrasse a luta. O lutador protestou, afirmou que estava bem, porém o juiz não voltou atrás.
Na terceira luta, a torcida campo-grandense demonstrou irritação. Por várias vezes o combate entre Gabriel Cigano e Pábulo Cascão foi para a lona. Com os dois deitados, a luta não se desenvolvia e as vaias começaram a surgir. Um chute aplicado por Cigano na costela do adversário, no segundo round, definiu a vitória por nocaute na categoria até 77 kg.
Também por nocaute, Thomas Almeida derrotou Michel Igenho no peso até 66 kg.
Marrento – A irritação do público retornou na quinta luta da noite. Gustavo Sucuri enfrentou Cláudio Rocha no peso até 84 kg. Quem esperava um grande duelo, se enganou. A luta pouco se desenvolveu e as vaias voltaram.
Sucuri decidiu então provocar o adversário com sorrisos, após cada golpe frustrado. Audacioso, o lutador até mostrou a língua para Cláudio. Irritada com o pouco profissionalismo, a torcida soltou o grito de “beija, beija...”.
Após três rounds, a decisão foi para os juízes. Foi o único combate, entre os nove programados, decidido pelos mesários. Por 90 a 77, Sucuri levou a vitória, dançou no octógono, e tomou mais vaias dos torcedores.
A luta que levantou o público aconteceu entre Márcio Bruno Tsuname e Wellington Negão nos 70 kg. A torcida era toda para Tsuname, da Shock Combat/HP Training Center).
E a expectativa foi atendida. Tsuname derrubou o adversário por duas vezes. A vitória por nocaute técnico aconteceu apenas no segundo round. “O cara estava com o queixo duro, foi difícil demais ganhar”, comentou.
Luiz Pitbull venceu Cleiton Confusão no segundo round na categoria até 77 kg.
O excesso de lutas começou a tirar o brilho da festa, que já não contava com a mesma empolgação da torcida.
Foi disso que reclamou o expectador Agnaldo Nascimento, de 64 anos. “Com relação a outros eventos, a organização deixou a desejar. O nível dos atletas está mais ou menos, o cerimonial não foi legal, na entrada dos lutadores faltou sincronia. Um pouco demorado e tumultuado, mas se releva já que é a primeira vez em Campo Grande”, diz.
Na plateia também estava o presidente da Federação de Boxe de Mato Grosso do Sul, Marcelo Nunes. Ele afirma que gostou das lutas apresentadas e pede que as categorias de base sejam trabalhadas para futuros atletas vingarem.
“O MMA tem que fazer um trabalho de investimento na base. O MMA só existirá se outras modalidades estiverem bem. Não existe MMA se não tiver boxe, a luta começa em pé. Tem que aproveitar que está na televisão”, alerta.
As últimas lutas da noite contaram com o cinturão do Predador em jogo. Allan Puro Osso levou o apelido a sério e imobilizou o pé-esquerdo de Leandro Psicopata. A vitória, ainda no primeiro round, lhe garantiu o cinturão na categoria até 61 kg.
Mauricio Alonso e Roberto Ferreira encerraram a noite com o cinturão até 83 kg em jogo. Num combate com pouca intensidade e participação do público, Alonso venceu no último round por nocaute e garantiu a permanência do cinturão.
O empresário Otávio Figueiró afirmou que a venda de ingressos garantiu lucro sobre os R$ 150 mil investidos. Ele calcula que pelo menos 3.500 pessoas tenham assistido aos combates. O presidente do Predador FC, Alex Renner, se mostrou contente com as lutas e pretende trazer novamente o octógono para Campo Grande.
“Mato Grosso do Sul mostrou que gosta do esporte. Apesar de ter show sertanejo hoje, o evento superou a expectativa. Em dezembro o Predador deve voltar, não sei a data, mas vai ter”, comemorou Renner.