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Esportes

Noite de MMA atrai público, mas lutas e organização provocam queixas

Gabriel Neris | 12/08/2012 03:00

Promotores estimaram que evento reuniu 3,5 mil pessoas. Com 9 combates, nem todos saíram satisfeitos

Organizadores calculam que 3.500 pessoas tenham assistido às lutas do Predador FC (Fotos: Gabriel Neris)
Organizadores calculam que 3.500 pessoas tenham assistido às lutas do Predador FC (Fotos: Gabriel Neris)

A noite de sábado (11) foi de pancadaria. Quem gosta de ver uma boa briga, mas no octógono,compareceu ao ginásio de esportes do Rádio Clube Campo, em Campo Grande, para assistir à 21ª edição do Predador FC (Fight Championship), que reuniu 18 lutadores de MMA (Mixed Martial Arts). Os organizadores estimaram o público em 3,5 mil pessoas.

Como bom brasileiro, a maioria dos torcedores deixou para comprar ingresso na última hora. Quem não queria encarar a longa fila poderia optar pelos vários cambistas, que circulavam tranquilamente em frente ao estacionamento. Questionado sobre o valor do ingresso, um dos cambistas confirmou que a venda “era boa” e a entrada custava R$ 40,00.

A procura fez com que os organizadores atrasassem em mais de duas horas o início dos combates.

As atrações principais estiveram presentes. O lutador do UFC (Ultimate Fight Championship) Felipe Sertanejo foi o primeiro a chegar ao ginásio. Posteriormente, apareceram Sabrina Soares e Gil Jung, que trabalharam como ring girls. As lutas começaram apenas quando Júnior Cigano, campeão mundial pelo UFC, apareceu.

O primeiro combate ocorreu entre Climério Costa e Elton Santos, na categoria até 66 kg. E o combate não passou do primeiro round. Por estrangulamento, Climério abriu a noite com vitória.

A luta empolgou o público. O segundo confronto foi caseiro, entre sul-mato-grossenses no peso até 84 kg. Glauber Valadares, da Academia Chute Boxe, contava com o apoio da torcida. Rafael Carvalho substituía Rangel Farias, que deixou o card por contusão.

Ovacionado, Valadares não conseguiu passar do primeiro round. Um soco direto o deixou no chão e fez com o que o árbitro Nílson Pulgatti encerrasse a luta. O lutador protestou, afirmou que estava bem, porém o juiz não voltou atrás.

Na terceira luta, a torcida campo-grandense demonstrou irritação. Por várias vezes o combate entre Gabriel Cigano e Pábulo Cascão foi para a lona. Com os dois deitados, a luta não se desenvolvia e as vaias começaram a surgir. Um chute aplicado por Cigano na costela do adversário, no segundo round, definiu a vitória por nocaute na categoria até 77 kg.

Também por nocaute, Thomas Almeida derrotou Michel Igenho no peso até 66 kg.

Cláudio Rocha perdeu por pontos para Gustavo Sucuri.
Cláudio Rocha perdeu por pontos para Gustavo Sucuri.
Júnior Cigano acompanhou de perto os combates.
Júnior Cigano acompanhou de perto os combates.

Marrento – A irritação do público retornou na quinta luta da noite. Gustavo Sucuri enfrentou Cláudio Rocha no peso até 84 kg. Quem esperava um grande duelo, se enganou. A luta pouco se desenvolveu e as vaias voltaram.

Sucuri decidiu então provocar o adversário com sorrisos, após cada golpe frustrado. Audacioso, o lutador até mostrou a língua para Cláudio. Irritada com o pouco profissionalismo, a torcida soltou o grito de “beija, beija...”.

Após três rounds, a decisão foi para os juízes. Foi o único combate, entre os nove programados, decidido pelos mesários. Por 90 a 77, Sucuri levou a vitória, dançou no octógono, e tomou mais vaias dos torcedores.

A luta que levantou o público aconteceu entre Márcio Bruno Tsuname e Wellington Negão nos 70 kg. A torcida era toda para Tsuname, da Shock Combat/HP Training Center).

E a expectativa foi atendida. Tsuname derrubou o adversário por duas vezes. A vitória por nocaute técnico aconteceu apenas no segundo round. “O cara estava com o queixo duro, foi difícil demais ganhar”, comentou.

Luiz Pitbull venceu Cleiton Confusão no segundo round na categoria até 77 kg.

O excesso de lutas começou a tirar o brilho da festa, que já não contava com a mesma empolgação da torcida.

Foi disso que reclamou o expectador Agnaldo Nascimento, de 64 anos. “Com relação a outros eventos, a organização deixou a desejar. O nível dos atletas está mais ou menos, o cerimonial não foi legal, na entrada dos lutadores faltou sincronia. Um pouco demorado e tumultuado, mas se releva já que é a primeira vez em Campo Grande”, diz.

Na plateia também estava o presidente da Federação de Boxe de Mato Grosso do Sul, Marcelo Nunes. Ele afirma que gostou das lutas apresentadas e pede que as categorias de base sejam trabalhadas para futuros atletas vingarem.

“O MMA tem que fazer um trabalho de investimento na base. O MMA só existirá se outras modalidades estiverem bem. Não existe MMA se não tiver boxe, a luta começa em pé. Tem que aproveitar que está na televisão”, alerta.

As últimas lutas da noite contaram com o cinturão do Predador em jogo. Allan Puro Osso levou o apelido a sério e imobilizou o pé-esquerdo de Leandro Psicopata. A vitória, ainda no primeiro round, lhe garantiu o cinturão na categoria até 61 kg.

Mauricio Alonso e Roberto Ferreira encerraram a noite com o cinturão até 83 kg em jogo. Num combate com pouca intensidade e participação do público, Alonso venceu no último round por nocaute e garantiu a permanência do cinturão.

O empresário Otávio Figueiró afirmou que a venda de ingressos garantiu lucro sobre os R$ 150 mil investidos. Ele calcula que pelo menos 3.500 pessoas tenham assistido aos combates. O presidente do Predador FC, Alex Renner, se mostrou contente com as lutas e pretende trazer novamente o octógono para Campo Grande.

“Mato Grosso do Sul mostrou que gosta do esporte. Apesar de ter show sertanejo hoje, o evento superou a expectativa. Em dezembro o Predador deve voltar, não sei a data, mas vai ter”, comemorou Renner.

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