Curta-metragem mostra louvações para Ogum e devoção à São Jorge
“Encruzilhada de Estórias” lança na sexta (30), novo episódio repaginado com expressões de fé ao orixá Ogum
O curta-metragem “Louvação de Ogum” traz vários rituais de expressão de fé ao orixá guerreiro Ogum, que no catolicismo é representado por São Jorge. Esse é o terceiro episódio da websérie “Encruzilhadas de Estórias”, que traz vários ritos das religiões de matriz afro-brasileiras, em casas de Corumbá e Ladário.
O projeto, lançado neste ano, tem como objetivo dar visibilidade às manifestações de fé que acontecem nos municípios e esse episódio novo vem com uma repaginada.
“Esse episódio é mais encorpado e vai ser um pouco mais elaborado que os anteriores, o que mostra uma evolução no projeto”, comenta a produtora Thayna Cambará.
Feito pela produtora sul-matogrossense Bela Oyá RP & Produções, contou inicialmente com recursos fornecidos por meio da Lei Aldir Blanc, mas agora foi ampliado por conta própria.
“O fomento inicial foi apenas para a produção dos curtas sobre a louvação de Oxóssi e Yemanjá, ambos disponíveis no Youtube. Mas demos continuidade ao projeto com parceiros que acreditam na causa e no propósito deste trabalho, que é o de desmistificar as louvações religiosas de matrizes afro-brasileiras, bem como de apresentar os orixás e santos à toda população”, explica Thayná.
Um dos personagens, é o designer gráfico David de Oliveira dos Santos, de 40 anos, ou David Megegan, como é conhecido nos terreiros. O ladarense é um orgulhoso filho de Ogum e devoto de São Jorge.
A influência vem da família. A avó dele, conhecida como dona Zizi na cidade, já é feita no santo há mais de 60 anos. David foi raspado no Ogum, no terreiro do pai de santo Vivaldo quando foi morar com a avó. Ele conta que sua fé veio após uma experiência milagrosa com os orixás há 17 anos.
“Eu tinha problemas de saúde, e nunca se achava solução. Um certo dia, minha avó me levou para conversar com o pai de santo dela. Eu conversei com uma entidade, Exú Sete Caveiras, que me deu o caminho e o seguimento na vida religiosa. O pai de santo jogou os búzios e me disse que eu não tinha alternativa, ou eu iniciava no Candomblé, ou eu piorava de saúde, foi o que deu nos búzios. Ogum foi o santo que caiu pra mim. E deu tudo certo, minha saúde começou a melhorar, nunca tive mais problema e eu sou muito grato à Ogum, à São Jorge guerreiro que é meu santo de devoção”, declara.
Desde então, David abre o portão de sua casa para as festividades de São Jorge há mais de 10 anos, além de realizar novenas e rezas. Ele diz cultuar os dois santos, tanto São Jorge no catolicismo, quanto Ogum no Candomblé. Orgulhosamente, reforça o sincretismo religioso.
“São Jorge é o santo guerreiro, bravo, destemido e lutador que nos ajuda nas batalhas do dia a dia. E eu faço essas festas não é pra mim, é pro povo, faço de coração, aquele jantar pro povo. Também faço minhas oferendas à meu pai Ogum e à Exú, pedindo que abra meus caminhos, que dê a direção certa com paz e sabedoria”, expressa.
A fé em orixás ganhou repercussão mundial durante as Olimpíadas, com o jogador de futebol Paulinho. Durante a partida contra a Alemanha, na semana passada, o meia-atacante de 21 anos comemorou com um gesto em que tirava uma flecha das costas em homenagem a seu orixá, Oxóssi. Em entrevista, declarou abertamente sua relação com o candomblé, o que ainda acontece pouco no esporte.
O curta-metragem estará disponível no canal no Youtube da Bela Oyá RP & Produções, na sexta-feira (30), a partir das 20h.
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