Alunos usam arte para lembrar de aviador que morreu 'nas nuvens'

Pouco se sabe sobre a história do major aviador Juca Pirama de Almeida, além de que ele foi um militar apaixonado e dedicado à aviação, que morreu fazendo o que mais amava: pilotando nas nuvens.

Disposta a desvendar esse mistério e a manter vivo o legado do homem que dá nome a uma escola municipal de Campo Grande, a educadora Simone Regina de Godoy, de 37 anos, propôs uma atividade para "arrancar" os alunos das telas e incentivá-los a embarcar em uma jornada em busca de informações sobre o aviador.

Após meses coletando o máximo de informações possíveis, os alunos organizaram a exposição "Viajando pelo Brasil a bordo do avião de Juca Pirama", que conta a história da aviação de Campo Grande e resgata o legado do militar.

Com a escassez de registros históricos, a turma enfrentou muita dificuldade para reunir informações e começar a traçar uma linha do tempo sobre Juca. Então, decidiram iniciar a partir do único registro encontrado pela professora: um recorte de um jornal impresso de 1946, que relatava o dia do acidente.

Na ocasião, o militar havia saído de Campo Grande com destino à cidade de Aquidauana para inaugurar uma rotatória junto com o conde de Portugal, mas, no momento de levantar voo, o avião sofreu uma pane no motor. Na época, a morte precoce gerou grande comoção na base aérea de Campo Grande. Juca deixou duas filhas.

A partir da reportagem, a turma descobriu que Juca foi uma figura de grande importância da aviação brasileira, e a partir de outras informações sobre a bibliografia do aviador, começaram a traçar um trabalho artístico para homenageá-lo.

“A gente queria muito saber qual era o modelo do avião e nós descobrimos que foi um BT-15, um monomotor. É um avião que passou pelos Estados Unidos e veio para o Brasil após a Força Aérea Brasileira comprar”, explica Simone.

Os alunos, com auxílio da professora, fizeram uma réplica de dois metros do avião de Juca, feito de materiais recicláveis e pintado com as cores do Pantanal, referenciando a onça-pintada, o tuiuiú e a bandeira de Campo Grande.

“[Juca] tinha muito amor, muita dedicação e foi uma figura de grande importância na aviação brasileira. A escola recebeu seu nome como uma homenagem, e nós estamos tentando manter esse legado vivo, fazer com que os alunos entendam e valorizem a escola na qual ele está”, justifica Simone.

Durante todo o semestre, ela relata que trabalhou releitura dos aviões com os alunos, além de ter levado eles para visitarem o hangar onde estão os aviões de guerra utilizados pelo país. Para não ficarem limitados ao desenho, Simone conta que se dedicou a aprender a mexer com robótica, para dar vida aos trabalhos artísticos.

“Eu tive a ideia de criar algo diferenciado para chamar a atenção e tirar eles do celular, porque competir com a internet é muito difícil. Então, para não ‘perder’ o aluno, eu pensei ‘tenho que dinamizar minha aula’, e foi onde eu aprendi o circuito de robótica. Nós estudamos, pesquisamos e colocamos vida nos desenhos, com motores, com hélice de pirulito com LED”, detalha.

Todos os trabalhos artísticos desenvolvidos ao longo dos últimos meses foram expostos, em um mini evento com os pais e lanche coletivo para os alunos.

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