Após 10 anos de crime brutal, nada fez amigos esquecerem sorriso de Lawrence

Dez anos depois de receber a notícia de que o filho havia sido assassinado, Isabel Cristina Corrêa Biancão e Edson Biancão entraram pela 1ª vez na universidade em que Lawrence estudava. Agradecendo pelo amor deixado pelo estudante, os pais se uniram a amigos do jovem e professores para uma homenagem no local em que ele construía seu futuro.

Próximo ao antigo bloco em que Lawrence estudava Publicidade e Propaganda, o grupo relembrou as experiências, sorrisos e também a dor deixada pela morte. E ao som de uma música cantada pelo amigo, balões azuis foram soltos.

“É um misto de sentimentos, na época em que ele partiu a gente ficou desesperado. Achei que não fosse sobreviver”, resume Isabel. Ao contrário da dor que sentiu durante muito tempo ao passar pela universidade, hoje ela conta que a alegria de Lawrence tomou o espaço.

Em 2012, Lawrence foi brutalmente assassinado por dois adolescentes de 15 anos e encontrado no carro em que dirigia. Conforme a polícia, ele foi vítima de homofobia e também de latrocínio, sendo que morreu após ser espancado e asfixiado.

Com o rosto do filho estampado na camiseta, a mãe narra que o tempo chega a parecer confuso quando pensa sobre a perda. “Eu briguei com Deus na época porque foi tão rápido, questionava o motivo de não ter deixado meu menino ali, ele tinha uma ânsia de viver. Depois eu pedi força para esse mesmo Deus me dar força para conseguir continuar vivendo”.

No ano em que faleceu, Lawrence estava em seu segundo ano cursando Publicidade e Propaganda e tinha apenas 20 anos. E foi ali que uniu diversas pessoas totalmente diferentes e seu grupo de amigos, incluindo dentro de sua própria turma.

Caracterizando o filho como uma pessoa “agregadora”, a mãe explica que apesar da tristeza continuar existindo, ver os amigos deixados é refletir sobre a sorte de ter vivido duas décadas com Lawrence. “Ver essa homenagem é pensar nas sementinhas que a gente plantou. Dez anos depois da morte dele e os amigos ainda lembram dele, das coisas que passaram juntos. É uma união que ele fez”.

Entre os amigos do jovem, o publicitário Laion Lino, de 29 anos, conheceu Lawrence ainda na adolescência e narra que o perfil carinhoso e alegre sempre foi parte do estudante. “Quem teve o privilégio de conhecer o Lawrence ficou tocado pela amizade dele. É engraçado como ele conectava pessoas de várias tribos, de vários jeitos”.

Para os amigos, o amor deixado por Lawrence foi tão intenso que até a proximidade com sua família continuou com Laion. “Eu agradeço aos pais dele por terem criado e educado uma pessoa tão boa. Ele foi muito importante para mim. Todo ano eu faço questão de estar presente na missa dele, é uma forma de lembrar dele, mostrar a importância que ele teve na minha vida”, diz.

Tendo o jovem como seu melhor amigo, Virginia Farias, de 29 anos, completa que as lembranças de Lawrence são de carinho ainda hoje. Apesar da dor e tristeza, a artista conta que pensar no estudante é conseguir rir ao imaginar seu sorriso.

“A gente se conheceu na 7ª série do Ensino Fundamental, nos reencontramos no Ensino Médio e também depois na faculdade. A morte dele é uma marca que não vai embora, mas ele era tão bom, tão divertido, tão vivo. Ele amava viver, era o que mais prezava”, diz Virgínia.

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