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Comportamento

Casal ganhou a vida com pipoca e hoje tem casa mais colorida do bairro

Casados há 50 anos, desde que conquistaram casa própria o que chama atenção é o colorido, que agora virou moda

Ângela Kempfer | 18/10/2022 09:23
Hortêncio e Antônia Em frente ao carrinho de pipocas. (Foto: Ângela Kempfer)
Hortêncio e Antônia Em frente ao carrinho de pipocas. (Foto: Ângela Kempfer)

Com radinho nas mãos, o pipoqueiro Hortêncio Batista passa às tardes na varanda azul da casa que há 47 anos construiu na Vila Nasser. Quem olha a combinação de cores pensa que é mais um ativista da pátria. “Mas não é nada disso não. Pelo contrário. Isso aqui eu faço tem mais de 40 anos. Eu adoro as cores, quando vai desbotando, eu pinto de novo do mesmo jeitinho", explica sobre o verde, azul e amarelo da fachada.

Alguns pilares com o verde já bem desbotado comprovam a versão de Hortêncio. Ele diz que o motivo é bem simples “simpatia”. Mas não se trata de mandinga para conseguir algum benefício. É simpatia conforme o dicionário: "forma de agir que aproxima duas ou mais pessoas".

“A gente só vive bem se tem mais gente por perto. Outra coisa que é pura felicidade é a simplicidade. Tá vendo tudo isso aqui, é simples, fui aumentando aos poucos, mas é feliz”, completa.

No portão da casa, um pote vazio de margarina serve de bebedouro para pássaros. No jardim, plantinhas de várias espécies e lá no cantinho, estacionado, até o carrinho de pipoca é azul e amarelo, em tons vibrantes.

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Em 2019, o companheiro de labuta se aposentou, mas segue firme e forte, com as cores bem vivas para lembrar de onde veio o sustento dos 3 filhos, hoje já casados. “Já vendi pipoca até para Simone Tebet, lá no Auxiliadora e pro pai dela, seu Ramez. Tinha dias, que eu levava um dos meninos para me ajudar nas festas. A gente andava 3 horas até ali perto da Vila Popular e depois saia de lá 3 horas da madrugada para chegar aqui às 6h”, conta.

Assim como a disposição para trabalhar em eventos e na frente das escolas, a fé nunca faltou. No pescoço, os colares com Nossa Senhora e São Jorge são só parte do “santuário” criado por Hortêncio. Dentro de casa, ele mostra uma parede repleta de fotos de santos e de personalidades que ele considera santidades, como do Papa Francisco e do Papa João Paulo II. "Todo dia de manhã eu acordo e converso com eles", diz. E o bate-papo é praticamente de madrugada. "Durmo umas 7 horas e se acordo às 2 já não durmo mais", visa

Dentro de casa, um santuário, inclusive, com os papas. (Foto: Ângela Kempfer)
Dentro de casa, um santuário, inclusive, com os papas. (Foto: Ângela Kempfer)

De repente, na esquina surge uma senhorinha muito bem vestida, com batom vermelho forte. É dona Antônia, “o amor da minha vida. Se eu tivesse que casar, ia casar com ela de novo”, se declara o companheiro após 50 anos juntos.

Festeira, Antônia diz que não parava quando era moça. "Era enfermeira lá em Juazeiro, mas não aquetava não, adorava um baile. Gostava muito de dirigir também", lembra. Até que conheceu Hortêncio em uma praça, em Fortaleza. “Ainda lembro de bairro por bairro de lá. Assim como aqui em Campo Grande, pode me falar um nome que eu te digo onde é”, desafia o pipoqueiro.

A fé tambvém no pescoço do pipoqueiro. (Foto: Ângela Kempfer)
A fé tambvém no pescoço do pipoqueiro. (Foto: Ângela Kempfer)

Com osteoporose, a esposa acabava de voltar da farmácia, cheia de medicamentos. Mas animada como o passeio, não fosse um imprevisto. Antônia logo vai mostrando o calo no pé, feito pelo sapato novo que “custou caro”.

Mas não tem machucado que tire o bom humor da senhorinha tagarela. Logo coloca os chinelos e chama para tomar café ou uma Coca-Cola. Não satisfeitos com tamanha hospitalidade, o casal ainda convida para almoçar e, por fim, Antônia tira da gaveta do quarto uma pulseirinha que comprou na igreja Perpétuo Socorro. “Toma, leva com você, para te abençoar”.

Carrinho de pipoca foi aposentado em 2020, por medo da pandemia. (Foto: Ângela Kempfer)
Carrinho de pipoca foi aposentado em 2020, por medo da pandemia. (Foto: Ângela Kempfer)

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