Jorge ficou famoso após reclamar de atividades em preto e branco
Menino, de 8 anos, publicou um vídeo no Instagram explicando as dificuldades sentidas pela falta de cores
Tímido, Jorge Eduardo Versales de Oliveira, de 8 anos, recebeu a reportagem com xícaras de café para contar sobre o vídeo gravado reclamando de atividades escolares em preto e branco. Aluno da Reme (Rede Municipal de Ensino), o menino explica que a falta de cores nas ilustrações tem dificultado a aprendizagem.
Mãe de Jorge, Sandra Mara Sagove Versales, de 50 anos, conta que as reclamações do filho surgiram durante o início da semana. “Nós retiramos a apostila na segunda-feira e ele achou que seria colorido por conta da capa, mas dentro estava preto e branco”, disse.
Ainda de acordo com Sandra, o vídeo surgiu sem que ela soubesse. “Minha enteada me chamou para fora e ouvi ele dizendo que tinha postado. Ele achou que seria em um grupo, mas foi no Instagram. Tentei apagar, mas continuou e só percebi quando começaram a mandar mensagens”.
No vídeo, o menino relata que sente dificuldade em entender os exercícios pela falta das cores. “Para as crianças é difícil entender algumas coisas. Como mapa, como entender um mapa em preto e branco?”, questiona no vídeo. Depois de aparecer na televisão e receber mais de 400 visualizações, o menino diz que apenas queria chamar atenção para o problema.
Questionado sobre outras dificuldades, Jorge diz que tem conseguido lidar com a quantidade de exercícios. "Acho que é só com as cores mesmo, na minha outra escola tinha e aqui não", explica.
Sobre alternativas, Sandra relata que as últimas apostilas virtuais também foram enviadas em preto e branco, sem a possibilidade de ver em cores. “Seria difícil para ele comparar, mas nem os PDFs estão com cor. Eu não conseguiria imprimir colorido também e substituir porque teria um valor e sabemos que a pandemia tem deixado isso difícil”.
Outro ponto levantado pela mãe é que o menino voltou a estudar em Campo Grande durante este ano, já que em 2020 estava morando em São Paulo. “Lá ele estudou em escola pública e tinha a apostila em cores. Por isso sente falta, mas não quis ofender ninguém nem diminuir professores. Ele só queria chamar atenção para a dificuldade”, disse.
Em nota, a assessoria da Prefeitura de Campo Grande explicou que o mapa utilizado oferece diversas possibilidades de uso partindo dos seus objetivos. “A utilização de uma paleta de cores (colorida) não é uma determinação obrigatória, desde que a informação apresentada esteja clara”.
Ainda conforme a prefeitura, o professor possui acesso ao material colorido em PDF, que pode ser replicado aos alunos em caso de solicitação. “Neste caso, o aluno, poderia solicitar ao seu professor o auxílio nesta atividade e a imagem colorida, pois o caderno é base, e também utilizar o livro didático como auxílio na atividade, fornecido pela escola”.
A Secretaria Municipal de Educação ainda disse que entre os 109 mil alunos da Reme, não houve nenhuma reclamação formal sobre a impressão em preto e branco. “Por fim, a Semed, por meio da Superintendência de Gestão das Políticas Educacionais – Suped, e mais especificamente, pela Gerência do Ensino Fundamental e Médio – Gefem, se coloca à disposição para a resolução de eventuais situações que possam comprometer a qualidade do ensino ofertado em nossa rede”.