No aperto de casa sobre rodas, família vive aventura rumo ao México
Minivan de seis metros quadrados é lar de aventureiros que estacionaram em Campo Grande
Há cinco anos, enquanto o mundo parava com medo da covid-19, a argentina Paola González tomava a decisão que daria um novo sentido à sua vida. Na época, com 30 anos, a artesã se despediu dos luxos da cidade grande e da correria de Buenos Aires, onde morava com a família. O destino? O mundo!
RESUMO
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Com 6 m², La Chola é casa andante de família que se aventura pela América Latina. A argentina Paola González, seu marido Davi, a filha Gaia e a cadela Wicca vivem em uma minivan adaptada, explorando países como Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, com destino final no México. A vida simples na estrada ensina a família a valorizar momentos juntos e a natureza. Sustentam-se com a venda de artesanato e contam com a solidariedade de desconhecidos. Em Mato Grosso do Sul, ficaram impressionados com a receptividade e a proximidade com a fauna local. A aventura deve durar mais alguns anos.
Em uma minivan com apenas seis metros quadrados, Paola vive dias de tranquilidade ao lado do marido, Davi, da filha, Gaia, de 2 anos, e da cadela Wicca, uma labradora de 11 anos e velha companheira de viagens.
O veículo, apelidado de "La Chola" — uma homenagem às mulheres indígenas da Bolívia —, foi totalmente adaptado para conduzir a família rumo ao sonho de desbravar a América Latina. Apaixonado por viagens, o casal transformou a vida em um mochilão permanente, sem prazo determinado para acabar.
Em frente ao Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, a família aventureira fez mais uma parada no roteiro que tem o México como destino. Para quem vê de fora, a "casa andante" parece até desafiar as leis da física por ser capaz de abrigar toda uma família. No entanto, a artesã garante que o veículo segue a linha "coração de mãe", com espaço para todo mundo.
“O que falta de espaço sobra de amor. Nossa vida é simples, mas aqui temos tudo o que precisamos. Na estrada aprendemos que não é preciso muito para ser feliz, e o maior prazer é estar perto da família e apreciar coisas simples, como fazer amizades, observar a natureza e cozinhar algo para comer”, explica.
Dentro do "La Chola", adaptação é regra para a família argentina, mas, para quem está há tanto tempo na estrada, certos "perrengues" já são facilmente contornados.
Atrás da área da direção, o veículo comporta um lar com duas camas, um fogão de duas bocas e forno, além de um banheiro seco. A estrutura não tem chuveiro e, quando não encontram uma casa ou comércio para tomar banho, a opção é usar um balde.
“Temos um reservatório acoplado onde cabem 25 litros de água, que geralmente usamos para lavar pratos e o rosto. Quando não tem outro jeito, puxamos uma lona para fazer uma área improvisada de banho”, relata.
Em um baú de um metro, anexado à traseira da minivan, a família guarda tudo o que tem. “Nas viagens, o carro balança muito, então nada pode ir solto”, conta.
Depois de rodar por parte da Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, a família chegou a Mato Grosso do Sul no dia 29 de janeiro, após cruzar a fronteira de Corumbá. “Nosso plano é sempre seguir em direção ao norte até chegar ao México. Não temos pressa, queremos aproveitar o trajeto e apreciar cada simples detalhe do caminho. Quando chegarmos ao México, retornaremos para a Argentina”, detalha.
Em terras sul-mato-grossenses, já visitaram Corumbá, Aquidauana e participaram da Festa do Pequi, no distrito de Camisão. Na última sexta-feira, estacionaram em frente ao Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande. No MS, tiveram experiências que só o Estado pode proporcionar.
“Senti as pessoas muito receptivas, principalmente no interior do Estado, mas o contato com a natureza com certeza é um diferencial que nos impressionou. De onde eu venho, na Argentina, só víamos animais e florestas em reservas ou lugares muito específicos. Aqui, sempre tem uma arara passando, já vimos cutias e tudo muito de perto”, afirma.
Para bancar os custos da vida nômade, Paola e Davi confeccionam anéis, pulseiras e vendem cristais energéticos por onde passam. Os preços variam de R$ 5 a R$ 60 e o comércio ajuda a comprar o que é essencial. No entanto, a maior ajuda vem da solidariedade de quem encontram pelo caminho.
“Estamos acostumados a falar sobre a maldade alheia, mas no mundo também existem muitas pessoas solidárias, que abrem as portas de casa para receber e ajudar o próximo. Isso é fantástico”, pontua.
Enquanto a volta pela América Latina não termina, a família se curte e compartilha experiências de amor e cumplicidade. Depois disso, o plano é tornar a casa sobre rodas boa lembrança de uma aventura compartilhada.
"Vamos voltar para a Argentina e vai ser em uma casa térrea. Lá temos família e vamos focar no crescimento da nossa filha", finaliza.
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