Quando a morte nos ensina o que realmente significa a palavra saudade
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Ao longo da vida, experimentamos vários tipos de saudade. E eu me lembro bem quando senti isso pela primeira vez. Devia ter uns 8 ou 9 anos quando as lágrimas escorrerem pelo meu rosto por causa da ausência de alguém. Fazia quase uma semana que meu pai havia viajado e então, deitada no colo da minha mãe, chorei. Era só uma criança, e mal sabia eu que aquele sentimento ainda me perturbaria muito, de maneiras bem mais cruéis e algumas vezes sem cura.
Na adolescência, tive algumas frescurites que eu insistia em chamar de saudade, mas que me renderam alguns rabiscos nas últimas páginas dos cadernos e me fizeram perder boas partes das aulas na escola. É engraçado como o sentimento muda o foco com o passar dos anos, assim como muda o nosso comportamento diante do que sentimos.
Levei um tempo para discernir dentro de mim o real significado da saudade e desmistificar aquilo que eu pensava ser sofrimento. Mas a vida é aquele jogo que a certa altura nos mostra que o coração ainda pode doer muito mais e com uma dose cavalar de realidade.
Já dizia algum ditado por aí que "na vida tudo dá-se um jeito, menos na morte". Pois foi ela que me ensinou o que realmente é a saudade. É uma eterna sensação de que a porta irá abrir e a pessoa irá entrar, com um sorriso no rosto e os braços abertos, prontos para me envolver. É uma espera constante de que uma hora ou outra o telefone irá tocar e do lado de lá da linha vou ouvir aquela voz mansa me perguntando como estou.
Não consigo descrever perfeitamente como é a saudade de alguém que agora mora apenas em minhas lembranças. Mas posso afirmar que esta, com certeza, é a que mais dói... Ela simplesmente nunca acaba. Não há um ponto final ou um recomeço, mas sim as reticências... Fica sempre o vazio da presença e a pergunta: "como seria se ela estivesse aqui?"
Por isso, o que vale nesta vida é colecionar bons momentos, pois são eles que irão amenizar a dor da saudade quando um de nós não estiver mais por aqui. São as lembranças que plantamos nos corações das pessoas que darão sombras da nossa eternidade. Sei que a saudade jamais irá acabar, mas o amor que ficou em mim é o que me faz seguir e desejar o céu cada vez mais, pois é lá que iremos nos encontrar.
*Mariana Lopes é jornalista e colaboradora do Lado B.