“Toda criança merece família, nem que seja de duas”, diz Ana aos 8 anos
No Dia Nacional da Adoção, Ana Débora é quem deixa recado sobre famílias geradas no coração
Foi com sorriso orgulhoso da própria história que Ana Débora, de 8 anos, pediu à mãe Gilza Terezinha De Jonas Salomão, de 58 anos, para dar uma entrevista sobre sua adoção.
Na sala de um apartamento, a mãe fala emocionada sobre os primeiros anos de vida da filha que chegou após 9 anos de espera. Já a menina sorridente reforça um recado para mostrar que adoção não é brincadeira, mas uma alegria à quem sonha com uma família para chamar de sua.
"Toda criança merece uma família, nem que seja de duas", diz Ana, apontando para a mãe, indicando que em casa a família é formada por elas e não há problema algum nisso.
Gilza, claro, continua a conversa com os olhos marejados. "Ela transformou as nossas vidas e eu pude me tornar mãe no momento certo", afirma.
E o caminho até à maternidade não foi fácil para Gilza. Ela conta que entrada no processo de adoção aos 41 anos, quando morava em outro estado. Anos depois, mudou-se para Mato Grosso do Sul e conseguiu dar continuidade ao processo em Campo Grande.
Sua mãe acompanhou todos os passos do processo à espera do 'nascimento' de sua primeira neta ou da ligação que indicaria que a "bolsa estourou" e estava na hora de Gilza correr para segurar o bebê nos braços. "Infelizmente, um mês antes de Ana nascer pra mim, minha mãe fez a passagem e não pode conhecer a neta", lamenta.
Mas no meio de uma despedida, Gilza encontrou luz no brilho dos olhos da filha. "Eu estava no trabalho, à tarde, quando o Fórum me ligou dizendo que Ana tinha chegado. Naquele momento eu fiquei um pouco nervosa e até perguntei se poderia pensar. Me disseram que não, e então afirmei que em questão de minutos eu chegaria".
Foi pouco tempo entre Gilza avisar o chefe que a "bolsa havia rompido" até chegar no hospital. "Quando olhei para Ana pela primeira vez, senti que naquele momento ela havia nascido do meu coração".
A certeza também veio através dos relatos da equipe do hospital. "Eles me disseram que na noite anterior ela tinha chorado muito. Mas, quando a peguei no colo e ela ficou calma, foi como se ela soubesse que nunca mais estaria sozinha, que ela teria uma família".
Ouvindo atentamente a entrevista da mãe, Ana acrescenta: "Se ela não tivesse me pegado eu não estaria aqui", afirma orgulhosa.
O sorriso da filha hoje com 8 anos é a maior força da mãe que não teme em falar sobre a adoção e do amor que nasceu junto com a chegada da Ana.
"Quando eu decidi ser mãe após os 50 anos ouvi muita coisas das pessoas. Muita gente disse que eu tinha de aproveitar a minha vida ao invés de arrumar filho, como se houvesse idade certa para amar uma criança. Também ouvi questionamentos sobre o que Ana se tornaria já que não foi gerada na minha barriga. Mas nada disso me abalou, pelo contrário, se as pessoas soubessem o brilho que há em Ana, certamente elas iam querer compartilhar mais amor nesse mundo", finaliza Gilza.
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