Bar do Japonês é lugar para ouvir histórias e provar o tradicional "Kibovo"
Já de entrada, na rua lotada de carros, é fácil perceber que o Bar do Japonês é o típico boteco que agrada. A bebida gelada, os petiscos e a conversa jogada fora são alguns detalhes que chamam atenção. Tudo confirmado pela freguesia antiga, que ao longo de 19 anos, mantém o movimento do lugar que virou tradição no Santo Antônio.
João Miyashiro Filho herdou o comércio do pai João, que faleceu em 2010. No prédio simples, mas extremamente organizado, o cliente tem mesa por todo lado. No salão principal, em frente ao caixa, a sinuca e o fliperama no cantinho são as atrações extras.
João tem cara de sério. Fala pouco sobre o negócio e solicita a mãe, que também se mostra reservada e não dá entrevista. Do caixa da pra ver a cozinha, onde ela e parte da família preparam os pratos que fazem sucesso. De lá, vem o sobá que deixa qualquer um no salão com vontade só pelo aroma.
Mas o local se tornou famoso pelo ponto sempre cheio, o encontro de happy hour e o Kibovo, tradicional kibe com ovo, que é servido por unidade e rende o maior número de pedidos da casa. Cada salgado custa R$ 4,50.
"Acho que todo mundo gosta por ser familiar e sempre foi assim. O kibe não foi uma grande invenção, mas os clientes gostam muito", diz João.
Talvez o tempero e a textura expliquem tudo. Experimentamos e além de ser grande, o salgado é bem temperado, sequinho e por fora é crocante. Há também uma versão sem ovo, além do espetinho empanado que está sempre pronto ao lado do kibe e também conquista o freguês pelo sabor.
Gean Franco, de 38 anos, é assíduo desde a inauguração, quando ainda era um menino. Viu muita amizade tomar forma ali e não abre mão das visitas. "É especial, um bar sem problemas. Principalmente porque o público só vem pra se divertir, isso agrada muito".
Na mesa mais próxima ao caixa, estão as 'relíquias' do bar, Waldemar e José Carlos, que fazem jus ao título de freguesia simpática. A cada minuto de conversa, um deles dispara uma piada, faz brincadeira com o amigo e adora contar história no Bar do Japonês. "Pode colocar aí, eu venho quase todo dia, sou o cliente mais fiel", diz o advogado José Carlos Fernandes, de 76 anos.
Ele afirma que não há lugar mais especial na cidade. "Eu gosto muito desse bar, é um lugar pra gente falar de tudo, futebol, política e família. Mas o melhor é que tem respeito", diz.
Aos 66 anos, Waldemar Mesquita é o piloto também tem história com o bar. Conheceu através do amigo e se apaixonou pelo espaço. "Muito familiar e venho até com a minha filha", diz. Simpático, ele também ama falar da profissão e orgulhoso exibe a fotografia no celular. "Olha só, eu já voei com o príncipe Harry quando ele veio ao Pantanal em 2012. Estava no avião comigo", diz.
Na fotografia, Harry está ao lado de Waldemar, sua filha e a esposa que trabalha em uma das fazendas da família de Bernardo Klabin, empresário que trouxe o príncipe para o Pantanal. "Eu sou piloto da empresa Klabin, trabalho lá há muito tempo e durante o vôo ele viu a onça pintada e ficou encantado", lembra.
Quem não joga sinuca, aproveita o futebol que é exibido na televisão e ninguém ali é importunado. É lugar que dá pra curtir sozinho, mas dificilmente alguém resiste a animação entre os grupos que se formam pelo local. "Aqui todo mundo é amigo. Tem advogado, comerciante, piloto, médico, pedreiro, autônomo e desempregado. Mas todo mundo brinca e conversa, acho que esse é o clima que faz a gente se sentir bem", completa Waldemar.
O Bar do Japonês funciona na Rua Cruzeiro do Sul, 159, bairro Santo Antônio, de terça a sábado a partir das 17h.