Fenômeno mata peixes no Pantanal e chama atenção de fotógrafo
Em busca de oxigênio, animais se amontoam em parte rasa de rio no Porto da Manga
Na tarde desta segunda-feira (1º), fotógrafo registrou a mortandade de peixes devido ao fenômeno da “decoada” no Porto da Manga, em Corumbá, município localizado a 419 km da Capital. Em vídeo, peixes de diversas espécies e tamanhos podem ser vistos se amontoando na parte rasa do rio em busca de oxigênio, e boa parte deles já estava morta.
De acordo com o fotógrafo especializado em natureza e vida selvagem, Guilherme Ambrosio, de 31 anos, o registro foi feito durante sua passagem pela Estrada Parque Pantanal, a MS-228, em direção ao Porto da Manga.
Ele relata que o local tinha um cheiro forte, devido aos peixes em estado de decomposição. “Já tínhamos ouvido sobre a ocorrência da mortandade de peixes no Rio Paraguai. No local, vimos que boa parte deles já estão mortos também e o cheiro é bem forte no local”.
Em outro vídeo, que circula nas redes sociais, é possível observar o fenômeno, que segundo o médico veterinário Geovani Tonolli, do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), a mortandade de peixes é decorrente da decoada, um fenômeno natural que ocorre dentro do ciclo de cheia e seca do Pantanal.
“Durante a época de seca, a vegetação aquática morre e dá lugar à vegetação terrestre, que rapidamente se recompõe. Já durante a enchente, a água cobre gradativamente a planície em lâminas d'água muito rasas, deixando a vegetação submersa”, explica Geovani.
A decomposição de toda essa matéria orgânica, proveniente das plantas aquáticas mortas e das terrestres, ocorre quando o nível da inundação aumenta, levando os produtos da decomposição para os lagos (“baias”), córregos (“corixos”) e rios.
De acordo com Geovani, o processo de decomposição é tão intenso que a atividade de oxidação da matéria orgânica pelas bactérias é capaz de consumir todo o oxigênio dissolvido na água e liberar o dióxido de carbono livre (CO2 livre), o que causa a mortalidade de diversos peixes.
A decoada é um fenômeno natural que pode acontecer, principalmente, em momentos do período de cheia no Pantanal. Além de afetar a fauna e flora aquática, a decoada também tem consequências para as comunidades ribeirinhas, pois a água fica imprópria para o consumo.
(*) Matéria alterada às 22h14 para acréscimo de conteúdo.