Formigueiros gigantes voltam à paisagem de praças e parques
Segundo especialista, os ninhos encontrados são reflexo de um desequilíbrio ecológico
Os formigueiros gigantes, problema antigo de Campo Grande, estão voltando a fazer parte do cenário de canteiros, parques e praças da Capital. Os ninhos enormes, segundo especialistas, refletem um desequilíbrio ecológico e o tamanho do formigueiro equivale ao tempo do problema.
Doutor em ecologia, especialista em formigas arbóreas, o biólogo Paulo Robson de Souza, explica que a superpopulação de formigas está ligada ao desequilíbrio. “Quando há diminuição de áreas naturais, com queimadas e desmatamento, por exemplo, os formigueiros passam a virar praga”, detalha.
O biólogo ainda aponta que os formigueiros gigantes têm, pelo menos, três anos. “Quando chega nessa situação, trata-se de um ninho maduro, ou seja, um formigueiro que tem entre três e cinco anos”, completa.
Na Praça Ary Coelho, no Centro de Campo Grande, os formigueiros são encontrados ao redor de árvores e em canteiros sem grama. Um dos ninhos chega atingir cerca de três metros.
O vendedor João Alves, que tem ponto na praça há mais de 20 anos, afirma que as formigas atrapalham todas as pessoas que frequentam o local. “Formiga nunca é bom. Quando você tem formiga em casa o que você faz? Tira, porque ninguém quer formiga”, disse.
A técnica de enfermagem, Daniela Guimarães, de 29 anos, conta que frequenta o Parque das Nações Indígenas e o problema também se repete lá. “Eu levo meu filho no parque e lá também tem bastante. E esses formigueiros gigantes atrapalham porque às vezes as pessoas querem sentar na grama e não tem nem como”, afirmou. Com filho pequeno, Daniela explica que a atenção é redobrada. “Meu filho é alérgico e qualquer picada pode dar reação, então eu não deixo ele ir para terra”, completa.
Os formigueiros também entraram para a rotina de quem frequenta o Parque Ayrton Senna, no Aero Rancho. Para o aposentado Raimundo Bento, de 75 anos, que faz caminhadas no parque pelo menos cinco vezes por semana, os formigueiros gigantes limitam o uso do local. Segundo ele, com os ninhos as crianças não podem sentar, as famílias não podem fazer um piquenique ou mesmo levar animais e isso atrapalha quem frequenta.
Para a professora Aureni Soares, de 44 anos, que há anos caminha todos os dias no parque, os formigueiros e as formigas são um incomodo. Ela conta que é preciso redobrar a atenção e o cuidado para não ter contato com o inseto.
Apesar de assustar, o principal prejuízo dos formigueiros gigantes é agrícola, diz o especialista. “Esses ninhos são característicos de formigas cortadeiras, como a saúva e elas não apresentam perigo para a saúde. O principal prejuízo é para a vegetação do local, já que elas podem atacar jardins”, explica.
No Jardim Panamá, as praças também já são tomadas por formigueiros gigantes. Assim como na Praça Ary Coelho e no Parque Ayrton Senna, os ninhos se formam ao redor de árvores.
Do tamanho de um quintal - Os amontoados de terra que chamam atenção de quem passa pelos parques e praças, são uma parte do formigueiro. Segundo o biólogo Paulo Robson de Souza, os ninhos maduros das cortadeiras podem ultrapassar um raio de 30 metros. Ele explica que um formigueiro é composto por “panelas” (câmaras subterrâneas) e tuneis. “A distância para dos tuneis para andar de uma panela a outra pode chegar a 30 metros, o que equivale a um quintal pequeno”, compara.