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Meio Ambiente

Obras de usina de triagem param e catadores voltam a trabalhar no lixão

Nyelder Rodrigues e Helton Verão | 28/03/2013 08:53
Área destinada para reciclagem está abandonada (Vanderlei Aparecido)
Área destinada para reciclagem está abandonada (Vanderlei Aparecido)

Um ambiente vazio, com obras inacabadas e suspensas e catadores de materiais recicláveis sem trabalho. Esta é a realidade da UTR (Usina de Tratamento de Resíduos), que deveria ser concluída para dar mais dignidada às famílias que trabalham no lixão, às margens do macro anel rodoviário, entre as saídas de Sidrolândia e São Paulo.

A paralisação das obras obrigou os catadores a retomar ao trabalho no lixão. Cerca de 300 famílias dos bairros Dom Antônio Barbosa, Parque do Sol, Lageado e Cidade de Deus, dependem da coleta de papeis, latas e garrafas pets no aterro sanitário para sobreviver.

Um dos poucos que continua na Usina em construção é Diego Namandu, de 21 anos. Ele conta que nem mesmo cinco catadores vão até a UTR para trabalhar com a seleção do lixo ali. Até quem tinha feito acordo com a Prefeitura para fazer a separação na usina já voltou para o lixão. 

“Aqui ta deserto, não tem movimentação nenhuma. O lucro aqui é baixo, e volta e meia vou no lixão também”, explicou Diego, que é catador há um ano.

Defensoria já tem conhecimento da suspensão do trabalho na UTR (Vanderlei Aparecido)
Defensoria já tem conhecimento da suspensão do trabalho na UTR (Vanderlei Aparecido)
Catador conta que o rendimento é maior no lixão (Vanderlei Aparecido)
Catador conta que o rendimento é maior no lixão (Vanderlei Aparecido)

Já o catador José Francisco da Silva, de 40 anos e que trabalha com recicláveis há um, optou ficar apenas no lixão e não migrar para a UTR. “Não compensa trabalhar na UTR. Nem experimentei. Muita gente desistiu e já ta no lixão de volta”, comentou.

Conforme o catador João Nilson, de 40 anos e trabalhando há seis no lixão, ali há mais materiais para serem coletados. Ele consegue faturar entre R$ 70 e R$ 80 por dia. O abandono da UTR também é acompanhado por Rosilene de Castro, de 41 anos, que mora em frente ao local.

Ela reclama do corte de água. Hoje, os moradores são obrigados a utilizar baldes para buscar em outros locais. O problema ocorre há oito dias. Rosilene revela que alguns estão usando a água de um córrego que passa nas proximidades. A moradora conta que um reservatório de água foi prometido à comunidade, mas nada foi feito.

Prefeitura - O secretário municipal de Infraestrutura, Semy Ferraz, informou, por meio da assessoria de imprensa, que a administração anterior inaugurou o local sem condições de funcionalidade.

Ele disse que a continuidade das obras da Usina de Tratamento de Resíduos depende da análise do prefeito Alcides Bernal quanto o prosseguimento do contrato com a empresa vencedora da licitação do lixo na Capital, o Consórcio Solurb.

Caso o contrato com a Solurb seja mantido, será exigido que uma usina com as condições adequadas seja construída. Se a Prefeitura optar pelo rompimento do contrato, será aberta nova licitação. Neste caso, será incluída uma cláusula especificando as normas para a construção da UTR.

A Prefeitura não se manifestou, até a publicação desta matéria, sobre a suspensão no fornecimento de água no local.

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