Rio que corta 36 bairros, Anhanduí terá novo “retrato” sobre qualidade
Curso de água se equilibra entre vida, lixo e degradação em Campo Grande
Único rio na área urbana de Campo Grande, o Anhanduí, que corta 36 bairros da cidade, terá estudo para avaliar a qualidade da água. A defasagem de dados chega a 13 anos, período em que a Capital registrou aumento de 15% da população, expansão da rede de esgoto para 88% e redução da área de infiltração diante do avanço da malha urbana.
O termo de cooperação, firmado entre o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e a Águas Guariroba, foi publicado hoje (dia 2) no Diário Oficial do Estado. Segundo o documento, o estudo é para levantar base de dados essenciais à gestão ambiental da bacia hidrográfica.
De acordo com a Resolução 18/2012, do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, a revisão do enquadramento da bacia hidrográfica deveria ser realizada a cada cinco anos. Mas, a última foi publicada em 2012.
“As informações disponíveis para embasar a gestão da bacia possuem uma defasagem temporal de aproximadamente 13 anos, período no qual ocorreram mudanças impactantes na dinâmica de ocupação da bacia”, enfatiza o termo de cooperação.
Houve aumento de aproximadamente 15% da população (mais 111.141 habitantes), conforme dados do Censo IBGE de 2010 (786.797 habitantes) e de 2022 (897.938).
Foi registrada expansão do sistema de tratamento de esgoto sanitário de cerca de 60% (2010) para 88% (2021). Ou seja, incremento de 317.139 habitantes atendidos.
E redução significativa da área de infiltração da bacia hidrográfica e, por consequência, aumento da poluição difusa em decorrência da expansão da área urbana (impermeabilizada) do município de cerca de 45% (87 km²). Em 2010, eram 190 quilômetros quadrados. No ano de 2022, o total foi de 277 km². O termo de cooperação tem vigência de 48 meses.
Segundo a Águas Guariroba, objetivo do estudo é analisar a evolução qualidade da água do Rio Anhanduí, a partir da expansão da rede de esgoto em Campo Grande.
“A cobertura da rede de coleta e tratamento de esgoto na Capital está em 90%, o que provavelmente refletiu na melhora da qualidade da água do rio. Durante 24 meses, o estudo irá analisar diferentes parâmetros em toda a porção urbana da bacia do rio. Os resultados serão divulgados ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), responsável pela gestão do rio”, informa a concessionária.
A reportagem ainda questionou o custo do levantamento e se o Rio Anhanduí pode entrar na rede de abastecimento de água em Campo Grande, mas não obteve resposta para as solicitações.
Fruto do encontro das águas dos córregos Prosa e Segredo, na confluência das avenidas Ernesto Geisel e Fernando Corrêa da Costa, o Rio Anhanduí corre pela área urbana de Campo Grande se equilibrando entre vida, lixo e degradação e dados defasados. Como nos conta a Enciclopédia das Águas de Mato Grosso do Sul, o nome deriva de Inhanduhy (água onde se encontra seriema pequena (perdiz), na língua guarani).
O Anhanduí tem o entorno populoso. A microbacia hidrográfica abrange 36 bairros da Capital, como o Aero Rancho, Jacy e Parati. Ele deságua no Rio Pardo e as águas seguem viagem até o Rio Paraná.
O Imasul vai instituir um grupo de acompanhamento técnico para acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos, estabelecer diretrizes técnicas balizadoras dos estudos (especificação técnica, termo de referência, cronograma de execução) e análises prévias dos documentos.
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