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Meio Ambiente

Rodoviária “contrata” aves de rapina para exterminar praga urbana

Viviane Oliveira | 18/04/2015 10:49
Momento em que o Gavião volta para o punho do falcoeiro no loca onde as aves são treinadas. (Foto: Marcelo Calazans)
Momento em que o Gavião volta para o punho do falcoeiro no loca onde as aves são treinadas. (Foto: Marcelo Calazans)

Para exterminar pombos, a administração do Terminal Rodoviário de Campo Grande contratou uma empresa de falcoaria, que usa aves de rapina para combater e afastar colônias dos bichos, considerados ratos com asas por transmitir várias doenças. Sem predadores no ambiente urbano, os pombos têm facilidade de adaptação e reprodução.

Os falcoeiros Eduardo Tavares de Arruda e Igor de Azambuja, que abriram empresa na Capital com o serviço inédito, começaram a desenvolver a técnica na rodoviária há 15 dias. Os trabalhos, realizados durante a madrugada, são feitos com três gaviões treinados para caçar pombos.

Igor explica que no local, o falcoeiro mantém o Gavião em punho, foca o pombo com uma lanterna, lança a ave que, por instinto, voa e agarra o bicho. “Após a captura é feita uma troca e o gavião é compensado por um pedaço de carne de codorna”, explica.

Em 8 dias, já foram capturados 60 pombos e os que não são pegos saem do local, por causa da presença do predador. Porém, os trabalhos devem ser realizados constantemente para que outros pombos não se instalem no ambiente. Os falcoeiros usam apenas as aves de rapina e armadilhas. Eles também tiram os ovos e ninhos, que geralmente ficam nas estruturas dos telhados. O nosso diferencial é que não usamos produtos tóxicos e estamos fazendo a caça de uma forma ecologicamente correta”, pontua Igor.

As aves de rapina são utilizadas no controle de fauna em aeroportos, estabelecimentos comerciais, industrias e atacadistas. A empresa tem permissão de abate emitido pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). “As aves capturadas são abatidas por um veterinário especializado e depois de limpas servem de alimentos para os gaviões”, destaca.

A coordenadora do setor de fauna do Ibama, Paula Mochel, explica que uma legislação do Ibama permite que animais de espécies nocivas, como pombos e ratos, sejam abatidas por motivo de saúde pública e por causar transtorno a sociedade. “Não se deve utilizar produtos que vão causar sofrimento ao bicho antes da morte como os inseticidas, que são proibidos pela legislação vigente”, destaca.

Eduardo diz que sempre gostou de aves e se interessou pelo assunto após começar a ler sobre a falcoaria. (Foto: Marcelo Calazans)
Eduardo diz que sempre gostou de aves e se interessou pelo assunto após começar a ler sobre a falcoaria. (Foto: Marcelo Calazans)
O treinamento consiste em criar, treinar e cuidar da ave de rapina, diz Igor. (Foto: Marcelo Calazans)
O treinamento consiste em criar, treinar e cuidar da ave de rapina, diz Igor. (Foto: Marcelo Calazans)

Paula alerta ainda que toda empresa de falcoaria deve fazer cadastro junto ao Ibama para desempenhar a função. Ao contrário disso, quem for flagrado alimentado as aves ou tentando matar pode pagar multa que varia de R$ 100 a R$ 5 mil e responder por crime de maus-tratos e ambiental.

Quem ficou interessado em contratar os falcoeiros pode entrar em contato pelos telefones 9214-2829 ou 8147-3305. A empresa, que foi contratada para fazer trabalho experimental de 2 meses na rodoviária, não divulgou o valor do serviço cobrado.

Problemas - O terminal rodoviário tornou-se alvo de uma Ação Civil Pública na Vara de Direitos Difusos, Coletivo e Individuais Homogêneos que pedia de imediato, controle das aves, com métodos a serem informados pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), afugentamento dos pombos e colocação de artefatos para impedir a permanência das aves no terminal. 

Três motivos foram apontados para a infestação: oferta abundante de abrigo (grande quantidade de frestas que simulam perfeitamente o habitat natural das aves), grande quantidade de alimentos (lixo, restos, grãos, farelos) e ausência de predadores no ambiente urbano. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da rodoviária, que ficou de responder em breve os questionamentos sobre o assunto.

As fezes dos pombos contêm fungos e bactérias e, depois de secas, liberam partículas que, se respiradas pelo homem, podem transmitir diversas doenças, como meningite e alergias.

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