Autocrítica e favoritismo à presidência do Senado seguram Simone no MDB
A pré-candidatura do deputado Márcio Fernandes à prefeitura de Campo Grande é indício de renovação da legenda, afirma senadora
O tempo de rusgas entre o MDB e a senadora Simone Tebet rendeu duras críticas e até ameaças de deixar a legenda. Porém, mudanças nos quadros de gestão do partido e a proximidade com as eleições municipais de 2020 trouxeram outro tom. A presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) atribui à reconciliação a autocrítica interna e lembra que, após batalhas, não enfrenta resistência em ser o nome do partido a disputar o comando do Senado Federal, em 2021.
Simone conseguiu se fortalecer mesmo em momento delicado do partido. No início de 2019, com o fim do mandato de Michel Temer, que assumiu a presidência do País, após o impeachment Dilma Roussef, o MDB se manteve como a maior bancada do senado, porém, teve redução de 19 para 12 representantes.
Na ocasião, foi contrária a candidatura de Renan Calheiros, colega de partido, à presidente chegando a apoiar o seu rival, o atual presidente, até então novato, David Alcolumbre (DEM-AP). A insistência por renovação aparentemente surtiu efeito e, segundo ela, se materializa na eleição do deputado federal Baleia Rossi para a presidência do MDB Nacional.
A autocrítica interna a segurou no partido que chegou a classificar como “fiador da corrupção e da má gestão”, em entrevista concedida ao Congresso em Foco, em setembro do ano passado.
“Eu acho que o MDB, ainda que internamente, fez mea culpa. A eleição do presidente nacional mostra isso. O MDB não está oficialmente no governo Federal, mas está ajudando sem exigência de cargos e ministérios. Isto me dá esperança de que estamos buscando nossas origens e a renovação nas eleições estaduais”, explicou.
Quanto à disputa para presidência do senado em 2021, a senadora acredita ser cedo para pensar no assunto e lembra que a disputa carece de definições, como em relação a PEC (proposta de emenda à Constituição) que permite a reeleição do atual ocupante do cargo.
Porém, depois de enfrentar resistência interna para participar da disputa da presidência do senado, no ano passado, ela reconhece ter o favoritismo necessário para a disputa em 2021. “O fato de estar na presidência da CCJ contribui para que, se houver uma possível candidatura, eu esteja entre os nomes que podem concorrer”, explica.
Conjuntura local – Reflexo da renovação do partido também se apresenta em âmbito local, conforme a senadora. A pré-candidatura do deputado estadual Márcio Fernandes para disputar a Prefeitura de Campo Grande é a representação do novo momento do partido. “Ele traz frescor para o partido. É jovem, mas já é experimentado na vida pública”.
Até então, ala do partido insistia na candidatura do ex-governador André Puccinelli, preso duas vezes no âmbito da operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal, que apura, entre outros crimes, esquema de pagamento de propina. Simone atuou como sua vice-governadora no primeiro mandato.
Mirando as lideranças do futuro, a senadora afirma que estará à disposição do deputado para percorrer bairros de Campo Grande em busca de votos e na articulação que ele achar necessária. “O deputado Márcio Fernandes é um político engajado, jovem, atuante, vem do setor dos empresários e tem compromisso com a geração de emprego. Quero poder ajudá-lo nesse processo”.