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Política

Ex-secretários de Bernal extrapolam ordem e ocupam órgãos públicos

Josemil Arruda e Cleber Gellio | 15/05/2014 20:13
Cerca de 20 funcionários de secretaria foram impedidos de sair do prédio por guardas municipais. (Foto: Marcelo Victor)
Cerca de 20 funcionários de secretaria foram impedidos de sair do prédio por guardas municipais. (Foto: Marcelo Victor)

A decisão do juiz da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, David de Oliveria Gomes Filho, acabou sendo extrapolada por ex-secretários e ex-assessores do prefeito Alcides Bernal (PP), com invasão de órgãos públicos municipais, constrangimentos a atuais dirigentes e até mesmo atos de violência.

Já na chegada de Bernal ao Paço Municipal houve cenas de violência por parte de seus adeptos. “Essa entrada na prefeitura deveria ser mais educada, aqui tem servidores e as pessoas que vieram são transitórias, não dá direito de agir com truculência, a equipe do gabinete foi hostilizada, machucaram o braço de uma servidora”, relatou o secretário de Administração e chefe de gabinete de Olarte, Waltermir Brito.

Um pouco depois, o ex-secretário Ricardo Trezger Ballock comandou um grupo que entrou na Central de Compras, setor da Secretaria de Administração que comanda as licitações, e hostilizou os atuais dirigentes do órgão. Diante da indagação de que não era ainda titular de cargo público, o ex-secretário Ballock afirmou que estava acobertado pela decisão que garantiu o retorno de Bernal.

Situação similar aconteceu na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Sedesc), onde a ex-secretária Dharleng Campos, com apoio de um grupo e de um ex-assessor, conseguiu chave para abrir a sede do órgão, inclusive entrando na sala do secretário Edil Albuquerque (PMDB), a quem acusam de ter saído pouco antes com documentos. Lá, outra ex-secretária de Bernal, Jacqueline Romero (pasta da Mulher), pôs de bruços uma foto familiar de Edil e comandou a retirada de adesivos do PMDB.

A imprensa constatou essa situação e chegou a questionaram Jaqueline Romero, que é advogada, sobre a condição em que estava ali e com que poder. “Estou falando enquanto secretária”, afirmou ela. “Mas senhora não precisa ser nomeada?”, indagou um repórter. Em seu socorro um outro aliado de Bernal respondeu: “Mas é uma decisão da justiça”.

As ocupações ilegais aconteceram em quase todas as secretárias municipais. Agora à noite mesmo, o prédio da SAS está fechado com cerca de 20 funcionários dentro, sem poder sair, e cercado por 20 guardas municipais.

Estratégia do Bernal – A estratégia de ocupação das secretarias municipais por ex-servidores públicos foi montada pelo próprio prefeito Alcides Bernal. Nilton Lima, que era diretor de manutenção, transporte e segurança da SAS na gestão de Bernal, disse que quando saiu decisão da volta do progressista à prefeitura foi designado, por volta de 15h30, para ir para a SAS. “Recebi ligação do próprio Bernal que me disse para vir aqui e dar notícia de que Bernal ia voltar e acompanhar saída de funcionários para que não fossem levados documentos”, informou o ex-assessor.

Segundo ele, esse procedimento preventivo aconteceu em todas as secretarias municipais. “Bernal mandou gente para todas as secretarias”, informou Lima, revelando ainda que depois da reunião que o prefeito teve no Paço com seu antigo secretariado todos foram para as pastas onde foram titulares.

Ilegalidade – O advogado Ronaldo Franco afirmou que houve, nessas situações, extrapolamento do que decidiu o juiz. “A decisão do juiz está criando um certo ato de violência. Bernal não nomeou ninguém até agora. Ainda que decisão do juiz seja autoexecutável, não é o caso de as pessoas que estarem indo para as secretarias municipais. Elas não foram nomeadas”, afirmou ele.

Franco disse que também lhe causou estranheza a forma como a Guarda Municipal de Campo Grande aceitou as ocupações de prédios públicos passivamente. “O Ivandro (Fonsca, ex-chefe da Sesau) não é novo secretário e não poderia adentar num prédio público e dar ordem. Na Sedesc também não podiam entrar no gabinete do secretário”, apontou . “Está havendo uma exacerbação”, lamentou.

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