Presidente de CPI quer que JBS dê bens para garantir ressarcimento ao Estado
Durante sessão lotada de trabalhadores da empresa, deputado Paulo Corrêa anunciou que vai negociar esta saída com a indústria
Paulo Corrêa (PR) afirma que vai negociar que a JBS entregue à Justiça bens no valor de R$ 730 milhões para que as contas bancárias fiquem liberadas. A empresa teve o valor bloqueado judicial a pedido da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Irregularidades Fiscais de Tributárias.
O deputado estadual e presidente da CPI fez o anúncio durante discurso para os trabalhadores da JBS que lotaram a Assembleia Legislativa em protesto contra os bloqueios nesta terça-feira (17).
“Numa conta da JBS foram encontrados R$ 6,5 milhões. Este valor não é o suficiente para pagar os trabalhadores em Mato Grosso do Sul. Mas, se a empresa alega que terá problemas para depositar os salários, que apresente à Justiça bens no valor do bloqueio para ter as contas liberadas”, afirmou.
Corrêa chegou a ser vaiado pelos manifestantes, mas aproveitou para fazer um alerta. “Estão [JBS] usando os trabalhadores como massa de manobra”.
Antes de usar a tribuna, o deputado já havia dito que a CPI não voltaria atrás sobre o bloqueio de bens. “Por mim, a gente não tira a ação. O responsável por pagar os salários é a JBS e isso não pode cair no colo do governo ou da CPI. O bloqueio é uma garantia que lá na frente a gente consiga o ressarcimento do Estado”, explicou.
Paralisação - O protesto que funcionários da JBS fazem na Assembleia Legislativa nesta terça-feira (17) parou os abates da empresa nas duas unidades em Campo Grande, que ficam na saída para Sidrolândia e para Corumbá.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Carnes e Derivados de Campo Grande, Wilson Gimenez Gregório, cerca de 2 mil trabalhadores da Capital participam na manifestação na sede do Legislativo estadual. Como as duas plantas de Campo Grande empregam 5 mil pessoas, segundo ele, ficou inviável manter os abates.
O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa da empresa e recebeu a informação de que a JBS liberou os funcionários para o protesto. “A JBS respeita o direito de livre manifestação e atendeu ao pedido do sindicato em liberar os colaboradores que tiveram interesse em participar do ato”, informou a assessoria em nota.
Bloqueios - A 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais de Campo Grande bloqueou no dia 9 de outubro mais R$ 615 milhões da JBS. Somado aos R$ 115 milhões que já haviam sido bloqueados anteriormente, pela empresa não cumprir com suas obrigações, como empregos, investimentos em Mato Grosso do Sul e a CPI ter encontrado até irregularidades em notas fiscais que justificavam o acesso da indústria aos incentivos concedidos pelo governo.