O produtor rural e o preço da indiferença e alienação política
O desinteresse da maioria dos produtores rurais pelos assuntos políticos é um dos maiores problemas a serem enfrentados na atual conjuntura. As ações do MST patrocinadas pela Casa Civil, as constantes invasões promovidas pela Funai, Cimi e ministérios, assim como os Quilombolas, são exemplos das penosas conseqüências sofridas pela classe.
Além daqueles que não participam por desconhecerem o seu papel no processo político atual, há ainda os indiferentes conscientes, os que compreendem a gravidade da situação mas não tomam partido, encarando a política com descrença e negligenciando seu próprio destino.
Em ambos os casos, a indiferença e a conseqüente passividade desempenham um papel desagregador na política rural e condicionalmente pagamos um alto preço pela inércia e alienação. Os produtores preocupam-se egoisticamente com suas vidas e, delegam as decisões políticas a despreparados que nos condenam com seus discursos demagógicos. Da indiferença política nascem as interpretações teatrais que há anos ludibriam os produtores que de boa-fé se sentem amparados nos sofistas profissionais do congresso nacional. A constatação do descompasso entre o discurso vazio e ineficaz é que ações efetivas não são concretizadas em nossa defesa, mas claramente evidenciadas nas “negociatas” sórdidas firmadas entre os políticos e o governo, banalizada pela mídia comprada, como negociação.
Por que enfrentam o governo quando querem mais um ministério e negligenciam o enfrentamento em prol das demandas como a PEC 215? E o marco temporal? E as decisões ideológicas do judiciário claramente impregnadas acriticamente pelos laudos fraudulentos forjados dos porões do governo que instrumentaliza a Funai? Sem falar no teatro encenado de forma mambembe pelo nosso parlamento em obter respostas aos subsídios declaradamente doados pela casa civil através do BNDS, Petrobrás, CEF, para promover a desordem e violência.
Diante do exposto a classe assisti apatetada o passeio do nosso algoz, travestido de bom moço, criatura gerada pela nossa ignorância e imprudência que incólume atravessa o corredor polonês, sem nenhum arranhão. E o produtor aguarda passivamente a hora de receber o golpe mortal do cutelo do seu carrasco.
(*) Pedro Pedrossian Filho, formado em Filosofia, ex-deputado federal e produtor rural.
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