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Cidades

Cobertura vacinal contra pólio é mais baixa em 24 anos

Os dados do Ministério da Saúde mostram que desde 1997 não havia uma taxa de alcance da vacinação tão mínima

Lucia Morel | 12/03/2022 11:49
Criança recebendo a vacina em gotinhas contra a poliomielite. (Foto: Prefeitura de Campo Grande)
Criança recebendo a vacina em gotinhas contra a poliomielite. (Foto: Prefeitura de Campo Grande)

A menor cobertura vacinal contra a poliomielite – paralisia infantil – dos últimos 24 anos foi registrada no ano passado, em plena pandemia do novo coronavírus. Os dados do Ministério da Saúde mostram que desde 1997 não havia uma taxa de alcance da vacinação tão baixo.

Foram 98.351 doses aplicadas no ano passado, uma queda de 23% em relação ao ano de 2016, por exemplo, quando a cobertura foi de 93,78% e o número de aplicações chegou a 128.201. Pelo ministério, o número de total de doses aplicadas está tabulado apenas a partir de 2014.

Vale lembrar que o índice recomendado de imunização para garantir a segurança populacional contra determinada doença é de 95%, ou seja, mesmo em 2016, o alcance já não foi o esperado.

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Para o gerente de imunizações da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Evandro Ramos, a pandemia pode ter influenciado no baixo índice de 2021, mas não foi determinante. “Mesmo no arrocho de restrições mais graves, em 2020, tivemos um alcance razoável, se mantiveram as médias anteriores”, comparou.

Muitas vezes as pessoas reclamam da falta de tempo e até de acesso, apesar de haver 83 unidades de saúde com salas de vacina em todas as regiões de Campo Grande. “Quando temos campanha, por exemplo, fazemos de forma itinerante, nos shoppings, praças, mercados”, analisou.

Para Evandro, no entanto, o que mais pode estar influenciando são as notícias mentirosas, difundidas como verdadeiras e contrárias à vacinação, seja ela qual for. “Acredito que as Fake News estão influenciando e ainda, talvez, algum fator que a gente desconheça”, avalia.

O peruano Luis Fermín Tenorio Cortez (ao centro) foi a última criança vítima do poliovírus selvagem em todo o continente americano. (Foto: BBC News)
O peruano Luis Fermín Tenorio Cortez (ao centro) foi a última criança vítima do poliovírus selvagem em todo o continente americano. (Foto: BBC News)

Risco – segundo Evandro, o maior problema é que a doença que está erradicada no Brasil desde 1994, mesmo ano em que a região das Américas foi considerada livre da doença. O último caso registrado no Brasil foi em 1987.

“A atual faixa populacional, de 40 a 56 já não conviveu com a doença. Não teve colegas com paralisia na escola e hoje, não considera a doença uma ameaça, acho que o termo é esse, não vê ameaça”, sustenta ao enfatizar que o vírus não morreu porque não há mais casos, o que ocorre é que a vacinação em massa não deixa que ele se manifeste.

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