Desembargador do TRF-3 manda soltar João Amorim e Beto Mariano
Paulo Fontes também concede habeas corpus a filha de servidor da Agesul; todos foram denunciados na Lama Asfáltica
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O desembargador federal Paulo Fontes, do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) concedeu habeas corpus nesta segunda-feira (27) e liberou o empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, apontado como uma das peças centrais do esquema de desvio de recursos investigado durante a Operação Lama Asfáltica. Além dele, foi concedida liberdade a Wilson Roberto Mariano, o Beto Mariano, servidor da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), e a Mariane Mariano –filha de Beto, que cumpria pena domiciliar.
A soltura ocorreu 384 dias depois de Amorim, proprietário da Proteco Construções, e de Mariano serem presos ao lado do ex-secretário de Obras Públicas e Transportes, Edson Giroto, e do empresário Flávio Scrocchio, por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).
A decisão de Fontes foi expedida por volta das 19h (de MS), acatando a pedidos feitos pelas defesas –os advogados Valeriano Fontoura, por Beto e Mariane, e o escritório de Alexandre Zacarias Toron, representando Amorim. Detalhes do mandado de soltura, porém, não foram divulgados. A expectativa é de que as ordens de liberação só cheguem nesta terça-feira (28) ao Centro de Triagem Anizio Lima, onde eles estão presos –nesta noite, o movimento no local era tranquilo.
Em relação a Giroto, há um pedido de habeas corpus impetrado no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Diferente de Beto Mariano e Amorim, que cumpriam prisões preventivas no corpo da Operação Lama Asfáltica, o ex-secretário já foi alvo de condenação da 3ª Vara Federal de Campo Grande –envolvendo fraudes na compra de uma fazenda, que teria usado “laranjas” para ocultação de bens.
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Maio de 2018 – Amorim voltou à prisão em maio, depois que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, apresentou voto divergente no julgamento do mérito de habeas corpus que, dois anos antes, foi assinado pelo ministro Marco Aurélio Mello e lhe garantiu liberdade. A medida gerou controvérsia: expedida em março, foi sucedida de outra liminar do TRF-3 que soltou o empresário e Giroto, e que acabou novamente cassada no STF. Mariano e Giroto foram presos na mesma ocasião.
O empresário foi apontado como um dos centros do suposto esquema criminoso que o MPF investigou durante a gestão de André Puccinelli (MDB) no governo estadual. A Lama Asfáltica apurou desvios de recursos da administração estadual, em montante próximo a R$ 500 milhões, por meio de fraudes em licitações e contratos, com os valores sendo ocultados com o uso de “laranjas” para o registro de bens e imóveis. A operação já teve seis fases deflagradas.
Mariano, por sua vez, figura tendo entre as acusações o uso de familiares para ocultar patrimônio também adquirido por meio de desvios de recursos. As defesas dos réus negam as acusações.
Amorim e Giroto estavam na cela 17 do Centro de Triagem, ao lado de Giroto e Flávio Scrocchio –cunhado do ex-secretário e outro acusado de envolvimento em ilícitos na Lama–, e onde o próprio Puccinelli ficou preso por cerca de cinco meses. Quatro mulheres forma postas em prisão domiciliar na Lama: Mariane, Elza Cristina Araújo dos Santos, Ana Paula Amorim e Raquel Giroto –esta também foi condenada ao lado do marido e conseguiu anular judicialmente a multa que teria de pagar para apelar em liberdade.