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Cidades

Preso na Omertà, policial estava com arma e veículo paraguaio apreendidos

Bens estavam na residência de Elvis Elir Camargo Lima, que foi preso e afastado, é alvo de dois procedimentos administrativos

Marta Ferreira | 06/11/2019 06:45
A Hilux prata com placas do Paraguai, apreendida na casa de policial civil preso durante a Operação Omertá. (Foto: Divulgação/Gaeco)
A Hilux prata com placas do Paraguai, apreendida na casa de policial civil preso durante a Operação Omertá. (Foto: Divulgação/Gaeco)

A Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, além de afastar o investigador Elvis Elir Camargo Lima, 46 anos, do trabalho da delegacia de Ponta Porã, cidade grudada ao Paraguai,  abriu contra ele mais duas investigações derivadas da Operação Omertà, desencadeada no fim de setembro contra grupo de extermínio ao qual ele é acusado de apoiar com atividades ilícitas na fronteira.

Os procedimentos administrativos vão apurar a apreensão, na casa de “Lima”, como é conhecido, de camionete Hilux prata com placas do Paraguai, de uma pistola Glock 9 mm e de munição do mesmo calibre. A pergunta principal é: como o veículo e o armamento, produtos de apreensão em investigações, foram parar na residência do policial em Campo Grande?

Tudo foi encontrado no dia em que a ação foi deflagrada pelo Gaeco, Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) e Bope (Batalhão de Operações Especiais), no 27 de setembro, no imóvel onde “Lima” vive com a família. Foram localizados, também, dois autos de cautela referente aos bens, o que evidencia serem produto de apreensão, envolvidos em algum tipo de crime. 

O material apreendido foi encaminhado para o órgão de controle da Polícia Civil pelo Gaeco, sob argumento de não ter relação com as apurações da Omertà. Isso revela não terem sido identificadas suspeitas de uso da camionete ou da arma nas ações da organização criminosa, dedicada a execuções na Capital conforme o conteúdo já disponibilizado das denúncias.

Indagada pelo Campo Grande News sobre as providências adotadas, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou a abertura dos dois procedimentos. Eles seguem, no âmbito administrativo, rito semelhante ao de ação judicial, com depoimento dos envolvidos e espaço para a defesa. No caso de servidor público, a pena máxima prevista é a exclusão.

A respeito da arma, a assessoria de imprensa informou, sem detalhamento, que foi cautelada pelo poder judiciário. “Logo, não há que se falar em punição administrativa”, diz o texto.

“Já quanto ao veículo, o procedimento de apuração poderá mostrar as circunstâncias que levaram o policial a possuir a cautela do mesmo”, prossegue. Em linguagem prática, a Corporação quer saber qual autoridade acima do investigador, no caso delegado de Polícia Civil, permitiu a ele ficar com a Hilux de placas paraguaias e os motivos.

Elvis Elir foi preso no dia 27 de setembro (Foto: Reprodução)
Elvis Elir foi preso no dia 27 de setembro (Foto: Reprodução)

Condenação – Elvis Elir está preso desde 27 de setembro, na 3ª Delegacia de Polícia Civil, no Bairro Carandá Bosque, em Campo Grande. A defesa já tentou liberdade provisória, sem sucesso.
Em 2013, ele foi denunciado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) por crime contra o sistema nacional de armas. Na época, segundo a acusação, guardou quatro armas, além de munição, de um colecionador de Porto Murtinho, dentro de armário usado por ele no alojamento da Delegacia da Polícia Civil na cidade.

O material só foi descoberto porque o Gaeco fez operação no local para investigar crimes de peculato. Lima foi condenado, a pena de três anos, substituída por prestação de serviço e multa, mas está recorrendo da sentença. Foi tentado, pela reportagem, contato com os advogados do policial civil, sem êxito.

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