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Cidades

Réu por matar ex de Grazi quer provas que a colocam como suspeita

Segundo advogada, detalhes de investigação sobre o assassinato de Graziela Rubiano reforçam tese do envolvimento dela em homicídio

Anahi Zurutuza | 21/08/2020 16:30
Trecho do relatório do inquérito contra Rômulo cita possível envolvimento de Grazi no crime em 2016 (Foto: Reprodução) 
Trecho do relatório do inquérito contra Rômulo cita possível envolvimento de Grazi no crime em 2016 (Foto: Reprodução)


Provas levantadas contra Rômulo Rodrigues Dias, de 34 anos, acusado de matar e esquartejar a companheira, Graziela Pinheiro Rubiano, 36 anos, reforçam as suspeitas de que ela teve envolvimento no assassinato do ex-marido, em Três Lagoas, em 2016. É o que afirma a defesa de Daniel Soller, preso por matar Renato Sérgio Coffer, de 52 anos, que era casado com Grazi à época.

Os defensores de Daniel tentam provar na Justiça que ele é inocente e pediram autorização judicial para ter acesso ao que foi levantado no inquérito contra Rômulo. Conforme o pedido, assinado pela advogada Diva Carla Bueno Nogueira, há dois pontos no relatório da investigação contra Rômulo que corroboram para a tese do envolvimento da mulher no crime do passado.

O primeiro é a conversa que ele teve no WhatsApp com uma amiga da companheira, afirmando que os dois estão juntos desde abril de 2017. A estranheza, segundo a advogada, está no fato de menos de seis meses antes, o então marido de Grazi ter sido assassinado na porta de casa.

Renato Sérgio Coffer, de 52 anos, foi morto a tiros no portão de casa em 2016 (Foto: Região News) 
Renato Sérgio Coffer, de 52 anos, foi morto a tiros no portão de casa em 2016 (Foto: Região News)

Já uma conversa de Rômulo com uma sobrinha são o segundo indício para a investigação travada pela defesa de Daniel para inocentá-lo. “Não bastasse o breve hiato temporal desde a morte de seu ex-companheiro para Graziela recomeçar sua vida amorosa, a polícia judiciária localizou no telefone celular de seu novo convivente, Rômulo, conversas dele com uma sobrinha não identificada que reforçam sobremaneira as suspeitas do envolvimento daquela (Graziela) no homicídio de Sérgio Renato”, argumenta a advogada no pedido de acesso às provas.

No relatório do inquérito contra Rômulo, a DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) anota que Grazi e Rômulo tiveram de se mudar de Três Lagoas para Campo Grande porque ela estaria sendo ameaçada pela família do ex-marido, assassinado no dia 25 de outubro de 2016. “Em uma dessas conversas, a sobrinha do investigado menciona algo sobre este homicídio [de Renato Sérgio] e que Graziela e ele poderiam estar envolvidos”, diz o texto, completando que Rômulo nega participação à sobrinha.

Ainda conforme levantou a investigação sobre o assassinato de Graziela, a sobrinha responde ao tio que “ele sabia de tudo e não fez nada”.

“Assim, acredita-se que esse possa ser a motivação do crime perpetrado por Rômulo em desfavor de Graziela. Um passado ladeado de mentiras e até, quem sabe, um crime bárbaro que estaria vindo à tona, ou mesmo seu sacrifício à época dos fatos, que não estaria sendo recompensado pela vítima, a qual desejava se separar e ter novo relacionamento amoroso”, diz outro trecho do relatório.

A defesa do réu por matar o ex-marido de Grazi quer o acesso ao diálogo completo entre Rômulo e a sobrinha, além da identificação dela.

Sobre os pedidos, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, responsável pelo processo contra Rômulo, deu acesso à advoga aos autos, mas informou que só o magistrado que conduz o processo contra Daniel é quem pode autorizar o compartilhamento de provas.

Graziela Pinheiro Rubiano, 36 anos, desapareceu em abril (Foto: Facebook/Reprodução)
Graziela Pinheiro Rubiano, 36 anos, desapareceu em abril (Foto: Facebook/Reprodução)

Morta e esquartejada – Para a polícia e o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul, Graziela foi morta e esquartejada por Rômulo em abril deste ano. O corpo, porém, nunca foi encontrado.

Rômulo foi preso temporariamente no dia 19 de abril.  No dia 18 de maio, a Justiça prorrogou a prisão por mais 30 dias. Em junho, no dia 16, foi preso preventivamente, diante de novos elementos apresentados em representação do delegado Carlos Delano, titular da DEH, que incriminam Rômulo.

Ele nunca confessou o crime. Mas a investigação policial mostrou que havia vestígios de sangue em grande quantidade em uma edícula da casa onde vivia com Graziela, no Bairro Jóquei Clube,  e ainda no carro dele. No material encontrado no teto do veículo, o DNA examinado foi considerado compatível com o da filha de Graziela, de 22 anos, indicando vínculo de maternidade. Em resumo: era sangue da vítima.

O casal trabalhava junto, como vendedores em uma marmoraria. Quando Graziela sumiu, foi ele quem informou aos patrões que a funcionária não voltaria, dizendo não saber a motivação.

A menos que consiga revogar a prisão preventiva, agora Rômulo ficará preso enquanto durar o processo.

Morte em 2016 - Renato Sérgio Coffers foi atingido por tiros, 3 deles na cabeça, por volta de 23h30, enquanto fechava o portão de casa, localizada no bairro Parque São Carlos, em Três Lagoas. Foi Graziela quem contou à polícia que Daniel Soller foi apontado pela vítima, quando ainda estava consciente, como o autor do crime.

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