Amamsul ataca jornal em nota e defende compra de shopping por TJ
Em nota paga, publicada no jornal Correio do Estado e no site do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), a Amamsul (Associação dos Magistrados de MS) defende a compra do prédio do Shopping 26 de Agosto por R$ 38,870 milhões. Além disso, a entidade ataca, sem citar o nome, o Campo Grande News.
O presidente da entidade, Wilson Leite Corrêa, diz que a Amamsul decidiu se manifestar diante das “constantes ilações de determinado órgão de imprensa de Mato Grosso do Sul”. O único meio de comunicação que revelou outras opções e que mostrou que a compra não teve o aval de 16 dos 31 desembargadores, foi o Campo Grande News.
No item 5 da nota, ele cita que as reportagens “encerram graves erros materiais tendentes a incutir na sociedade falsas premissas e afetar a credibilidade do Poder Judiciário”. E cita reportagem do dia 30 de janeiro, que se baseou no decreto assinado pelo governador André Puccinelli (PMDB), de que a área desapropriada era de 4.665 metros quadrados.
“O imóvel possui área construída de mais de 13.000 m2 e foi informada na reportagem 4.665m2”, diz o presidente da Amamsul, para desacreditar a reportagem. No entanto, Corrêa não cita que o Campo Grande News publicou outras matérias explicando que o imóvel tem 13.381 em cartório, segundo o proprietário, Rubem Salim Saad. O portal também informou a versão do presidente do TJMS, desembargador Joenildo de Souza Chaves, sobre a polêmica envolvendo o assunto.
Na nota, a Amamsul também ignora uma carta, obtida com exclusividade pelo Campo Grande News, em que 16 desembargadores pedem a avaliação de outras propostas e a submissão do caso ao Tribunal Pleno. No Pará, o Tribunal de Justiça submeteu ao órgão a aprovação da compra de um prédio em processo semelhante.
“Reafirma-se, ainda que não há democracia sem imprensa livre, entretanto, a liberdade pressupõe responsabilidade,não se coadunando com o estado democrático de direito a divulgação de fatos desconformes com a realidade”, diz Wilson Leite Corrêa, sem mencionar que os fatos divulgados pelo Campo Grande News são documentos internos assinados por desembargadores e dirigentes do Tribunal de Justiça.
"Melhor opção" - Assinada pelo presidente da entidade, juiz Wilson Leite Corrêa, a nota diz que o prédio do centro comercial tem “ampla acessibilidade” e está dotado de “escadas rolantes e estacionamentos, bem como está localizado em região com trânsito de várias linhas de ônibus, que facilita o acesso das pessoas mais humildes”.
Corrêa cita que o valor da indenização foi definido após “avaliações” feitas por técnicos do Poder Executivo, da empresa VCP Consultoria e Perícias e por técnicos do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia).
No entanto, a Amamsul não cita que avaliações feitas pelo Governo do Estado e pelo TJMS apontaram que dois prédios tinham condições de receber os juizados e poderiam custar até R$ 21 milhões a menos para o Poder Judiciário, que seria a desapropriação do Hotel Campo Grande, no Centro da Capital (avaliado em R$ 21 milhões) , e o Shopping Marrakech (R$ 24,5 milhões).
Também ignora relatório assinado pelo diretor da Secretaria de Obras do Tribunal de Justiça, Reinaldo da Rosa Silveira, em que aponta que o metro quadrado da área construída seria de R$ 2.110, o que exigiria investimento de R$ 16,880 milhões.
Considerando-se o valor da desapropriação (R$ 38,870 milhões) e mais os R$ 8 milhões que serão investidos na adaptação do shopping para receber os juizados, a economia aos cofres públicos poderia chegar a R$ 29,9 milhões. Em entrevista ao jornal Correio do Estado de hoje, o presidente do TJMS, desembargador Joenildo de Souza Chaves, revela que o investimento para adaptar o centro comercial será de R$ 8 milhões.