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Capital

"As pessoas do velório me salvaram", diz amigo de empresário morto

Agnaldo Espinosa da Silva diz que policial rodoviário federal foi armado até carro de amigo morto para atirar também nele e no filho adolescente; amigos festejavam aniversário do jovem baleado

Rafael Ribeiro | 02/01/2017 09:55
Agnaldo Espinosa da Silva e o filho adolescente recebem atendimento médico após conseguirem fugir da fúria de policial (Foto: Simão Nogueira)
Agnaldo Espinosa da Silva e o filho adolescente recebem atendimento médico após conseguirem fugir da fúria de policial (Foto: Simão Nogueira)
Empresário pediu desculpas ao policial antes de ser baleado (Foto: Reprodução)
Empresário pediu desculpas ao policial antes de ser baleado (Foto: Reprodução)
Policial alega legítima defesa, foi indiciado em flagrante, mas ganhou liberdade provisória (Foto: Alcides Neto)
Policial alega legítima defesa, foi indiciado em flagrante, mas ganhou liberdade provisória (Foto: Alcides Neto)

Sobrevivente do ataque a tiros que matou o empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, na manhã de sábado (31), o supervisor comercial Agnaldo Espinosa da Silva, 48, agradece a participantes de um velório por sua vida e a do filho, um estudante, de 17. Segundo ele, foram os gritos das testemunhas que impediram que o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Sun Moon, 46, de também atirar neles.

“Quando meu amigo (Nascimento) bateu a caminhonete, já morto, no poste, ele (Moon) desceu do carro dele e veio em nossa direção com a arma em punho. Ele ia terminar o serviço. Só mudou de idéia porque o pessoal do velório começou a gritar e chamou a atenção”, disse Silva.


As testemunhas relatadas pelo supervisor estavam no velório de um jovem morto por um policial militar, na região do Horto Florestal, na avenida Ernesto Geisel, e viram o momento que Moon desceu de sua Mitsubishi Pajero prata e foi até as vítimas que estavam no Toyota Hilux branca com a arma em punho.


“Estava com o braço (esquerdo) quebrado. E pulei a janela do carro. Comecei a puxar meu filho desesperado. Íamos morrer também. Foi no instinto para sobreviver”, completou Silva ao Campo Grande News ainda na Santa Casa, onde segue internado em observação. O filho recebeu alta nesta manhã após passar por cirurgia para a retirada das duas balas nas pernas, onde foi atingido.


“Ele (adolescente) está abalado, chora toda hora. Esse cara destruiu a gente, arruinou a vida de uma pessoa de bem, empreendedora, honesta, que dava emprego para mais de 40 pessoas e nunca fez mal a ninguém”, disse a vítima.


Revolta – Apesar de indiciado em flagrante pela Polícia Civil, Moon responderá o processo em liberdade após a Justiça negar neste domingo (1) o pedido de prisão preventiva por 30 dias. O policial alega legítima defesa.


Segundo Nascimento, o motivo alegado pelo atirador é “revoltante.” “Como ele pode dizer um negócio desses. Em nenhum momento fizemos menção de estarmos armados. Ele poderia ter atirado para o alto, mas acertou nove vezes o carro, duas vezes o coração do Adriano. Nós não agredimos ele”, disse.


O representante comercial diz que será difícil superar a morte do amigo, que conhece há cerca de 12 anos. No último sábado, eles haviam ido comemorar o aniversário do adolescente. “Falei que estava sem dinheiro e o Adriano se prontificou a pagar a festa. Era um momento de alegria, estávamos nos divertindo. Iríamos dormir um pouco e depois ir para a chácara dele (em Bandeirantes, a 70km de Campo Grande) onde aproveitaríamos o resto do dia”, disse.


Para a vítima, não há justificativa para o ato. “Ele diz que a gente ultrapassou ele, mas não foi nada ofensivo. Meu amigo pediu desculpas ainda. Não fechamos ele. Estávamos felizes, sem pressa. Quando ele (Moon) desceu armado, o Adriano não falou nada. Quem falou fui eu. Ainda me chamou para voltar à caminhonete quando viu a arma”, disse.


Em todo momento, segundo Silva, Moon foi agressivo. “Dizia sem parar que era polícia e ia chamar as viaturas, mas não se identificava. Só ficou com a arma na mão. Nossa conduta todo o tempo era para se chamar a viatura. É um delinqüente. Um descontrolado que não pode ser policial, cuidar da segurança dos outros”, completou.

Nascimento era dono da Sushi Express, um restaurante oriental na região do Jardim dos Estados. O amigo diz ter esperança de que a justiça seja feita. “Se não der pela dos homens, que seja pela de Deus. Confio nele”, disse.

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