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Capital

Antes de perder a filha afogada, mãe teve filho assassinado e outro preso

Mãe agora fica com a dor de segunda perda: "a marca sempre é a dor, nunca sara"

Por Dayene Paz e Bruna Marques | 12/09/2024 08:29
Júlia, à esquerda, e o irmão, Jhonny, quando foi preso por assassinato. (Foto: Redes sociais e arquivo Campo Grande News)
Júlia, à esquerda, e o irmão, Jhonny, quando foi preso por assassinato. (Foto: Redes sociais e arquivo Campo Grande News)

Júlia Áurea dos Santos de Souza, de 20 anos, que morreu afogada em piscina de espaço de eventos, na madrugada desta quarta-feira (11), em Campo Grande, é irmã de Jhonny de Souza Mota, 27 anos, condenado pelo assassinato do estudante de enfermagem Rhennan Matheus Oliveira Tosi, em outubro de 2021, nos altos da Avenida Afonso Pena. Júlia também teve outro irmão, de 16 anos, morto a facadas em março de 2013.

A festa, que terminou na morte de Júlia, começou no Bairro Dom Antônio Barbosa e terminou em um espaço de eventos no Tijuca, em Campo Grande. "Houve consumo de bebida alcoólica no local e, segundo testemunhas, Júlia teria entrado na piscina e posteriormente foi vista boiando na água", diz nota da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

Um convidado da festa tentou fazer manobras de ressuscitação enquanto acionava os bombeiros. "Quando os bombeiros chegaram também fizeram manobras de reanimação, mas não obtiveram sucesso e o óbito foi constatado", diz a nota. A polícia investiga porque o WhatsApp foi desinstalado do celular de Júlia, assim como o histórico de ligações e mensagens foram apagados no dia da morte.

Na despedida, nesta quinta-feira (12), a mãe chegou com uma camiseta estampada com o rosto de Júlia. No verso, a frase: "na memória de quem ama não há lugar para o esquecimento, apenas para a saudade daqueles que durante a vida nos trouxeram tanta alegria. Eterna em nosso corações, que Deus te receba de braços abertos. #Julinha".

Mãe de Júlia enquanto conversava com a reportagem. (Foto: Paulo Francis)
Mãe de Júlia enquanto conversava com a reportagem. (Foto: Paulo Francis)

A cozinheira Herlen Coelho de Souza, 46 anos, conversou com o Campo Grande News e afirmou que está em choque. "Ela tinha uma filha de 2 anos, era presente, tinha as coisas de jovem, mas sempre procurou trabalhar, lutar para dar o melhor para a neném", comentou a mãe. Júlia trabalhava na cozinha de um posto de combustíveis. "Estava renovando a vida dela", diz ela ao afirmar que não conhecia os amigos com quem Júlia estava na festa no dia da morte.

A mãe enterra hoje o segundo filho. Em março de 2013, o irmão de Júlia foi assassinado a facadas aos 16 anos. O suspeito do crime já tinha agredido o irmão do adolescente em outra data. Conforme a PM, vítima e autor se encontraram no cruzamento das ruas Santa Mônica e São Nicolau, no Bairro Santa Luzia. O adolescente questionou o rapaz sobre o motivo da agressão ao irmão, quando houve briga e ele foi esfaqueado.

"A marca sempre é a dor, nunca sara. Quando o meu filho morreu, meu menino caçula era pequeno, então a gente busca força para poder lutar por aqueles que ainda dependem da gente, mas por dentro sempre fica um vazio. Agora, fica a minha netinha, que é tudo de precioso que tenho".

Herlen também tem outro filho, Jhonny de Souza Mota, 25 anos, que está preso pela morte do estudante Rhennan Matheus Oliveira Tosi, de 19 anos, nos Altos da Afonso Pena. "Estou em pé porque Deus está permitindo e me dando força", lamentou a mãe.

A cozinheira também comentou que a filha tinha dois celulares. No dia da morte, ela estava com o pessoal e o que a filha pequena usava para assistir vídeos. "O celular dela sumiu", disse a mãe. Já o que ficava com a criança, que também estava com Júlia, teve os dados apagados - constatado quando foi apreendido pela polícia. "A verdade vem à tona, cada verdade eu quero saber", disse Herlen. Policiais verificaram que não havia o aplicativo WhatsApp nem histórico de ligações e mensagens foram apagados.

Caso Rhennan - No dia 31 de outubro de 2021, Jhonny de Souza Mota, ou "Pulapão", estava em um Volkswagen Saveiro junto com outras pessoas, no estacionamento das obras do Aquário do Pantanal, quando Rhennan, que estava fazendo "zerinho" no mesmo local, se aproximou e reclamou alguma coisa com "Pulapão".

Conforme o relato de quem presenciou o crime, no mesmo momento, o motorista da Saveiro entrou no carro, pegou um revólver e disparou contra Rhennan, que foi atingido do lado esquerdo do abdômen. Depois do tiro, "Pulapão" entregou a arma para Diego Laertes, de 24 anos, que estava de moto, também fazendo zerinho, e fugiu do local na Saveiro.

Diego foi inocentado pela Justiça e se livrou do júri, mas Jhonny, que foi preso no dia 1º de novembro de 2021, foi condenado a 15 anos de prisão, em decisão no dia 14 de setembro do ano passado.

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