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Capital

Sob o amparo de religião e da Justiça, pai de Rhennan quer condenação por morte

Amanhã, Jhonny de Souza Mota será julgado por matar Rhennan Tosi, com tiro no peito, em 2021

Silvia Frias e Antonio Bispo | 13/09/2023 11:55
Massai Tosi diz que ainda mantém sentimento de revolta pelo crime (Foto: Henrique Kawaminami)
Massai Tosi diz que ainda mantém sentimento de revolta pelo crime (Foto: Henrique Kawaminami)

Foi no espiritismo que o autônomo Massai Barduco Tosi, 51 anos, encontrou alento para suportar a morte do filho, Rhennan Matheus Oliveira Tosi, assassinado com tiro no peito, nos altos da Avenida Afonso Pena, em 2021. Amanhã, quase dois anos após o crime, dia em que será realizado o julgamento do autor do disparo, diz esperar o mesmo apoio na Justiça, para que o réu seja condenado.

“Espero que pegue uns 15 anos; mas, mesmo que pegue a pena máxima, nada vai trazer meu filho de volta, mas isso pode trazer conforto para o meu coração e da família”, disse Tosi.

Massai mostra postagens em homenagem ao filho (Foto: Henrique Kawaminami)
Massai mostra postagens em homenagem ao filho (Foto: Henrique Kawaminami)

Vestido com a camisa em homenagem ao filho, disse que será uma das testemunhas de acusação contra o servente Jhonny de Souza Mota, 27 anos, que será julgado por homicídio qualificado por motivação fútil e sem chance de defesa da vítima, além de porte ilegal de arma de fogo.

Tosi também esperava que se sentasse no banco dos réus Diego Laertes Vieira Vasconcelos, o rapaz inicialmente denunciado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) de ter participado do crime, ao emprestar o revólver usado para matar Rhennan. Porém, em julho deste ano, o juiz da 1º Vara do Tribunal do Júri, Carlos Alberto Garcete, impronunciou o rapaz, ou seja, decidiu que ele não seria levado a julgamento. “Tenho sentimento de revolta, porque só um deve pagar pelo crime, o outro está solto”.

Rhennan foi morto a tiros, aos 19 anos, em 2021 (Foto/Arquivo)
Rhennan foi morto a tiros, aos 19 anos, em 2021 (Foto/Arquivo)

Mesmo mantendo a revolta pelo que aconteceu, diz ter aprendido, ao longo dos últimos dois anos, a lidar melhor com os sentimentos. Neste período, percorreu várias igrejas em busca de respostas e alento. Tosi conta que um amigo o chamou para ir a centro espírita no Bairro São Francisco. “Lá encontrei a paz que precisava”, disse.

Tosi disse ter se tornado pessoa mais calma. “No espiritismo, aprendi que ninguém morre, que o espírito passa para outro plano; acredito que o Rhennan esteja próximo, mesmo que sem o contato físico”.

Despedida – Tosi relembrou o último dia em que esteve com Rhennan, 31 de outubro de 2021. Naquele domingo, encontrou com o filho, no Bairro Santo Amaro, para assistir a campeonato de pipa.

Conta que o rapaz o abraçou por trás e disse “Pai, vamos ser amigos?”. O autônomo estranhou a frase, mas respondeu. “Apesar de estar separado da sua mãe, nunca vou deixar de ser seu pai”. Tosi conta que os dois ficaram emocionados e hoje avalia que o momento pode ter sido aviso do que aconteceria mais tarde.

Massai Tosi, em entrevista hoje (Foto: Henrique Kawaminami)
Massai Tosi, em entrevista hoje (Foto: Henrique Kawaminami)

Depois do encontro, Rhennan foi com amigos para as altos da Avenida Afonso Pena, point dos jovens. O pai não queria que ele fosse, mas cedeu. O autônomo foi para bar e lá recebeu ligação do filho, perguntando da carteira que teria esquecido no porta-luvas do carro do pai. Tosi disse que estava lá e Rhennan pediu que ele levasse até a Afonso Pena. Disse que não iria até lá e que iria repassar para a mãe do jovem.

Tosi encontrou a ex-mulher no bar, que pegou a carteira. Ligou para o filho para avisar do encontro e Rhennan chegou a brincar, que os dois “teriam flashback”. Desligou e, passados dois minutos, foi a vez de a filha ligar e avisar que o rapaz havia sido ferido com tiro.

“Foi um desespero”, lembrou o autônomo. Ele ficou em casa, enquanto a ex e a filha foram até o hospital. Como Tosi tinha amigo com contato na Santa Casa, pediu que ele ajudasse com informações. Foi assim que ficou sabendo, por telefone, que o filho tinha morrido.

“Todo mundo ficou abalado, a mãe [Vanessa] não conseguiu superar muito, mas estamos levando”, disse Tosi. Agora, quer que o caso sirva de exemplo, para que pais fiquem atentos sobre as companhias dos filhos. "Sei a criação que dei para o Rhennan, nunca foi de briga, mas não sei se os amigos estavam envolvidos".


Jhonny Mota foi preso no dia 1º de novembro de 2021 (Foto/Arquivo)
Jhonny Mota foi preso no dia 1º de novembro de 2021 (Foto/Arquivo)

Crime – Segundo a denúncia do MPMS, a morte teria sido consequência de desentendimento com Jhonny Mota, na noite de domingo, 31 de outubro de 2021, nos altos da Avenida Afonso Pena, ponto tradicional de encontro para quem gosta de manobras.

Vídeo mostra que discussão teria começado após ele girar uma cadeira e atrapalhar  "zerinho". As imagens foram gravadas por uma pessoa que estava nos altos da Avenida Afonso Pena. (veja abaixo).


No vídeo, o motociclista ainda joga a moto para cima de Rhennan e começa a falar com ele. Em seguida, um outro rapaz, de camiseta preta com escrita amarela e boné - descrito como Jhonny - autor confesso do disparo que matou o estudante, fica ao lado do amigo e passa a apontar o dedo em direção à vítima.

A partir desse momento, segundo testemunhas, teve início a discussão que levou à morte de Rhennan. Os acusados contaram a mesma versão sobre o homicídio, alegaram que estavam bêbados e o motivo da briga teria sido por besteira.

No velório, no dia 2 de novembro de 2021, amigos prestaram homenagem, com buzinaço e “randandandan”.


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