Briga entre atendente e policial tem bate-boca e arma na cabeça
Discussão resultou em denúncias de abuso de poder e desacato, ambos formalizados na 3ª Delegacia de Polícia Civil
Uma briga de trânsito na tarde de sexta-feira (dia 28), em Campo Grande, entre atendente de farmácia e policial civil resultou em denúncias de abuso de poder e desacato, ambos formalizados na 3ª Delegacia de Polícia Civil. A confusão tem relato de xingamentos, agressão e arma na cabeça.
Em termo de declaração formalizado na Polícia Civil, o atendente Thiago Gauto Roa, 33 anos, relatou que estava em uma Celta, seguindo para o trabalho, por volta de 14h, quando passou pela Rua Wagner Jorge Borttoto Garcia, região do Carandá Bosque, e avistou um Sandero. Primeiro, o carro estava no estacionamento da via, na sequência, fez uma conversão na esquerda parando atravessado na rua. De acordo com ele, o policial Antônio Lopes Barbosa Neto, condutor do carro, estava ao celular.
Thiago diz que reduziu a velocidade, passou por detrás do Sandero, e prosseguiu. Em seguida, o condutor emparelhou o carro com o Celta e questionou por que Thiago acelerou. Ele respondeu que estava indo para o trabalho e que o outro motorista estava ao celular.
O Celta seguiu em frente, mas o condutor do Sandero mandou Thiago encostar o carro e sacou uma pistola. O atendente informou que continuou o trajeto e que Antonio disse que era policial, fala acompanhada de um xingamento. Então, Thiago estacionou o carro na Rua Barra Funda, na Vila Danúbio Azul, e o Sandero ficou na frente do Celta.
Ele conta que antes de conseguir pôr a mão na cabeça, conforme a ordem recebida, o policial colocou o cano da pistola em sua cabeça.
Thiago disse para o homem dar um tiro, pois não era bandido, mas o policial respondeu que não valia à pena. Depois, mostrou um distintivo e uma funcional da Polícia Civil. O atendente entregou documentos pessoais, do veículo e relata que tentou usar o celular, mas o aparelho foi tomado pelo policial, que disse que Thiago estava preso por desacato.
O motorista também conta que levou um soco nas costas. Na sequência, o policial civil chamou uma equipe da PM (Polícia Militar) e um delegado, que foram ao local. Todos rumaram para delegacia. No termo, Thiago declarou ter feito um o xingamento, mas antes de o condutor se identificar como policial.
Injúria e desacato - Pelo mesmo episódio, Antônio Neto registrou Boletim de Ocorrência por injúria, resistência e desacato contra Thiago Roa. O policial relata que manobrava seu veículo, saindo de uma oficina, quando Thiago acelerou o Celta, jogando o carro em cima do dele e desviando de forma perigosa.
Antonio conta que ia para o mesmo sentido do autor, emparelhou o carro, pediu que o condutor tivesse mais cuidado e questionou por que fez a manobra agressiva. A reposta foi um “e daí”, xingamentos e gestos com a mão para que Antônio viesse atrás.
O policial conta que fez acompanhamento e deu o comando para que o atendente encostasse o veículo. Com os carros em movimento, Antonio mostrou funcional e distintivo da Polícia Civil pela janela. Mas, segundo ele, Thiago voltou a xingar. Na sequência, o investigador fez uma abordagem tática, forçando a parada do Celta.
Sem alternativa, Thiago parou e recebeu ordem de erguer a camiseta na altura da cintura para o policial verificar se ele estava armado. O investigador relata que os xingamentos prosseguiram, que Thiago falou para ele atirar e que polícia era tudo folgado.
Antônio conta no BO que fez uso moderado de força para fazer a revista e deu ordem de prisão. Na sequência, acionou a PM e o delegado de onde é lotado. O policial trabalha em Ribas do Rio Pardo, a 103 km de Campo Grande, e o delegado estava ontem na Capital.
Entrevistas – Neste sábado, Thiago Roa disse ao Campo Grande News que a situação na rua foi vista por várias pessoas, que se prontificaram a testemunhar. Ele vai passar por exame de corpo de delito e fazer denúncia na Corregedoria da Polícia Civil.
“Mesmo se é policial não pode tirar a arma para qualquer um. Imagina se eu tivesse com a minha mulher, meus filhos. Fico indignado com essa situação”.
Antonio Neto disse hoje ao Campo Grande News que é a vítima e até tinha receio em dar entrevista por causa de distorções, onde o policial é visto de forma ruim. “Foi vergonhoso, muito constrangedor. Eu na posição de servidor público e o indivíduo faltando com o respeito o tempo todo”, diz. Sobre a arma, o policial afirmou que fez abordagem tática, com uso progressivo da força.