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Capital

Chefão do tráfico que já sequestrou avião comemora 4 anos foragido

Gerson Palermo tem histórico de “façanhas criminais” e sumiu após decisão sob suspeita

Por Aline dos Santos | 21/04/2024 10:37
Gerson Palermo (à esquerda) durante prisão na operação da Polícia Federal. (Foto: Arquivo)
Gerson Palermo (à esquerda) durante prisão na operação da Polícia Federal. (Foto: Arquivo)

Condenado a 126 anos de prisão, o narcotraficante Gerson Palermo comemora amanhã (dia 22) quatro anos de liberdade. Ele está foragido desde 22 de abril de 2020, mesmo dia em que a prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica foi revogada.

No currículo, Palermo tem histórico de “façanhas criminais”. O crime mais ousado foi em 16 de agosto de 2000, quando sequestrou um Boeing da Vasp.

Na ocasião, 20 minutos depois da decolagem da aeronave do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu com destino a Curitiba (capital do Paraná), Palermo obrigou o comandante do voo a pousar na pista de Porecatu, também no Paraná. Ali, a quadrilha fez a tripulação abrir o compartimento de carga, de onde roubou nove malotes do Banco do Brasil, contendo R$ 5,5 milhões.

Contudo, o piloto de avião e chefe do tráfico de cocaína acumula passagens pela polícia desde 1991, além de já ter liderado a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em MS. Fugir também não é novidade. Há 30 anos, Gerson Palermo estava em 50 mil cartazes de “procura-se” espalhados pela PF (Polícia Federal) por todo o Brasil.

Há 30 anos, PF espalhou 50 mil cartazes por todo o Brasil à procura de Gerson Palermo. (Foto: Reprodução)
Há 30 anos, PF espalhou 50 mil cartazes por todo o Brasil à procura de Gerson Palermo. (Foto: Reprodução)

Principal alvo da operação All In, deflagrada pela PF em 2017, ele ficou preso até 2020, ano da chegada da pandemia da covid.

Em 21 de abril de 2020, feriado de Tiradentes, Palermo foi enquadrado no grupo de risco para a covid e obteve prisão domiciliar, com monitoramento eletrônico. A decisão aconteceu durante o plantão do desembargador Divoncir Schreiner Maran.

No habeas corpus, a defesa alegou que Palermo tinha mais de 60 anos, sofria de diabetes, hipertensão e por isso corria risco de contrair a covid-19 no cárcere. No dia seguinte, 22 de abril, o desembargador Jonas Hass Silva Júnior, relator do processo, revogou a liminar e restabeleceu a prisão. Oito horas após o benefício do regime domiciliar, o chefão do tráfico rompeu a tornozeleira eletrônica e desapareceu.

Reportagem do jornal Correio do Estado sobre procura por presos de alta periculosidade. (Foto: Reprodução) 
Reportagem do jornal Correio do Estado sobre procura por presos de alta periculosidade. (Foto: Reprodução)

A decisão da prisão domiciliar passou a ser investigada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Foram apontadas supressão de instância, ausência de cautela na análise de todos os aspectos envolvidos no deferimento do pedido e violação à resolução do conselho. O PAD (Procedimento Administrativo Disciplinar) teve etapa de audiências em Campo Grande neste mês.

Em fevereiro deste ano, o desembargador foi alvo da operação Tiradentes, realizada pela PF e Receita Federal. A ação foi autorizada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). A suspeita é de venda de sentença. A defesa de Divoncir nega irregularidades na decisão. O desembargador completou 75 anos em 6 de abril e se aposentou por idade.

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