Choque esvazia Calógeras e frustra “after” de foliões com bomba de gás
Com sprays e bombas para dispersão, militares em duas viaturas seguiram a Calógeras do cruzamento com a Mato Grosso até a Dom Aquino
Depois do registro de confusão no período da tarde, policiais militares do Batalhão de Choque se adiantaram e avançaram à multidão logo após a dispersão feita pela Guarda Municipal na área do Armazém Cultura, na última noite de Carnaval nas ruas de Campo Grande. Com apoio de equipe da Cavalaria, a ação começou às 23h e durou uma hora cravada.
O TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado entre a Prefeitura e o Ministério Público de Mato Grosso do Sul foi cumprido e o som que embalava o Cordão Valu encerrado às 22h.
Assim como na noite de sábado, a Guarda retirou os foliões da área protegida por tombamento em 40 minutos. No entanto, 20 minutos depois, a área do monumento Maria Fumaça foi tomado pela galera que decidiu continuar a festa na Avenida Calógeras, entre os cruzamentos com a Avenida Mato Grosso, Antônio Maria Coelho e Maracaju, como ocorreu em todas as madrugadas de Carnaval.
Para previnir qualquer confusão ou briga generalizada, duas viaturas do Choque se aproximaram da Avenida Mato Grosso com a Calógeras e soltaram a primeira bomba de gás de alerta. Parte dos presentes começou a correr e a ação de dispersão teve início.
Em princípio, uma minoria reagiu e chegou a lançar garrafas de vodka contra as equipes policiais. Mas, rapidamente, as viaturas avançaram e foram desobstruindo as vias. Algumas pessoas passaram mal com o forte cheiro do spray e outros entenderam o recado de: hora de dar tchau.
Durante a desocupação da região, ninguém foi preso, mas as ações da Polícia Militar e Guarda Municipal continuaram noite adentro. Conforme a Guarda, cerca de 35 a 40 mil foliões se concentraram na região. Porém, segundo a PM, apenas 25 mil prestigiaram o último dia de evento.
Por que ficar? - À reportagem, foliões reclamaram do rígido horário estabelecido pelo TAC e da falta de opções de diversão na cidade. Além disso justificam a permanência no local porque "outras pessoas também ficam".
Três amigos, que preferiram não se identificar, saíram dos bairros Júlio de Castilho, Tarumã e Joquei Clube preparados para continuar a festa. Para eles, é impossível dispersar 40 mil foliões às 22h e apostaram em ficar. "Encerrar uma festa que só acontece uma vez no ano à 22h não existe", disse um deles.
Pela primeira vez, Regina Moreira, de 38 anos, foi à Esplanada com os filhos. Ela conta que decidiu ficar porque tinha muita gente. "As pessoas foram ficando e eu também fiquei porque nunca tem nada na cidade. Mas quando a polícia começou a empurrar a multidão deu medo", disse.
Com apenas 14 anos, a adolescente Juliana Moreira reclamou do lixo. "Não tem lixeira suficiente, olha quanto lixo", disse.
Às 00h, às equipes do Choque deixaram a Esplanada. As vias estavam vazias, mas tomadas por um mar de lixo.