Com o assassinato de Natali, mãe vive 2º luto em menos de 1 ano
Em agosto do ano passado, Tatiane perdeu o irmão, também assassinado a golpes de faca
Em menos de um ano, a copeira Tatiane da Silva Rochy, de 35 anos, vive o segundo luto. Ontem, perdeu a filha Natali Gabrieli da Silva de Souza, assassinada aos 18 anos pelo marido a golpes de faca. Em agosto de 2022, o irmão, Anderson Renato da Silva, de 28 anos, também foi morto a facadas.
No velório da filha, na manhã deste domingo (2), no Cemitério Memorial Park, Tatiane contou que pede sabedoria e força a Deus para conseguir continuar vivendo. “Muito triste. Às vezes acho que não vou conseguir seguir”, lamentou. Ela é mãe de quatro filhos, Natali era a mais velha dos irmãos.
Tatiane relembrou da cena que encontrou ontem quando chegou na casa da filha, depois que já havia acontecido o crime. “Vi tudo quebrado, destruído. Tinha garrafa de cerveja quebrada no quarto, poça de sangue na cozinha e muito caco de vidro. Fui para a rua e encontrei o corpo da minha filha coberto por um lençol, me apavorei. Meu esposo me abraçou e não deixou chegar perto”, disse.
No chão, havia muito cabelo da filha, que foi cortado pelo assassino, Cleber Corrêa Gomez, de 30 anos. Ele foi preso logo após o crime, na casa de um parente, no mesmo bairro, com as roupas sujas de sangue.
Segundo Tatiane, tinha uma relação boa com a filha, mas há 20 dias que as duas não estavam conversando, justamente porque pedia para Natali largar o marido, o que a filha não aceitava. “Ela não ouvia ninguém, amava muito ele, achava que ele ia mudar”, contou. Natali morreu com a filha de um ano, que tinha com Cléber, nos braços.
Segundo Tatiane, a filha estava muito feliz porque há 2 meses havia conseguido emprego de auxiliar de limpeza e trabalhava no Terminal Guaicurus. “Ela estava tão feliz, porque ia ajudar o marido a pagar o aluguel. Fiquei sabendo pelos amigos dela que ele maltratava ela, mas como gostava muito dele, ela nunca teve coragem de denunciar”, contou. A mãe completa falando que a filha deixou um legado. “Vou cuidar da minha neta como cuidei de Natali. Ela dizia que estava trabalhando para dar tudo o que a filha precisava”.
A serviços gerais Kamila Santos, de 18 anos, prima da vítima, trabalhava com Natali no terminal. Na sexta-feira, as duas se encontraram e conversaram pela última vez. “Ela ainda pediu para a avó dela ir no terminal para vê-la, porque seria a última vez. Parece que ela já estava sentindo”, lamentou.
Sobre a prima, Kamila só tem elogios e admiração. “Ela era tranquila, sempre com sorriso no rosto, não tinha maldades. Era boa mãe, falava que queria trabalhar para comprar as coisas para a filha. Espero que justiça seja feita. A filha fica chamando pela mãe”, disse.
Anderson , irmão de Tatiane, morreu no início da madrugada do dia 13 de agosto do ano passado. O rapaz foi esfaqueado no peito e no abdômen no Jardim Santa Felicidade, na Rua José Belinatti. Chegou a ser resgatado em estado grave e encaminhado para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos.
Feminicídio - Natali foi morta com a filha no braços, na manhã de ontem (1º), pelo companheiro, Cleber, na Rua Leopoldina de Queiroz Maia, no Bairro Parque do Lageado. O autor foi preso em flagrante por equipes do GOI (Grupo de Operações e Investigações). Quem avisou Tatiane sobre o crime foi a mãe do assassino. "Ela é pastora na minha igreja e não tem culpa do que o filho fez", disse a copeira.
Este foi o segundo feminicídio em Campo Grande ocorrido em menos de 24h. Na noite de quinta-feira (29), Brenda Possidonio de Oliveira, de 25 anos, também foi morta a facadas, no Bairro Vila Natália. O crime aconteceu na Rua Janaína Chacha de Melo, por volta das 23h, na frente do filho dela, de apenas 7 anos. O namorado dela, Lyennan Camargo de Mattos, foi preso em flagrante.