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Capital

Com pontos e terminais desertos, ambulantes ficam no prejuízo

Nesta quarta-feira, ônibus pararam de funcionar e ato "respingou" em trabalhadores informais

Izabela Cavalcanti e Mariely Barros | 18/01/2023 11:04
Genival vende picolé na Praça Ary Coelho (Foto: Mariely Barros)
Genival vende picolé na Praça Ary Coelho (Foto: Mariely Barros)

A paralisação dos motoristas de ônibus, nesta quarta-feira (18), acabou respingando nos ambulantes que ficam próximos de pontos de ônibus e terminais. Com isso, as vendas diminuíram e deram prejuízo para os trabalhadores informais.

Na Praça Ary Coelho, o vendedor de picolé Genival Baracho, de 54 anos, ficou surpreso com a falta de ônibus e acredita que vai vender apenas 20% dos 200 produtos que pegou.

“Fui surpreendido pela falta de ônibus hoje. O pessoal que trabalha em volta da praça sai no prejuízo em dia de paralisação. Eu fico esperando o dia que vai ter calor para melhorar as vendas e, nesse calorão que está fazendo, seria o dia ideal para vender, só que a movimentação está bem baixa. Normalmente, eu vendo 80% de 200 produtos, só que como hoje está bem parado, acho que vou vender só 20%”, pontua.

Apesar do prejuízo, Genival diz que é a favor da paralisação. “Concordo com a paralisação, porque os trabalhadores também tem direito de receber. Infelizmente, a gente sente na pele, mas isso é necessário para ver se as autoridades acordam. Não para de aumentar passagem, não para de subir gasolina e os trabalhadores que utilizam o ônibus só perdem, porque os ônibus estão uma carcaça velha, nem funciona direito”, dispara.

Ele diz que se continuar a paralisação, vai precisar deixar de ir vender próximo ao ponto de ônibus.

No mesmo local, tem outro vendedor ambulante, de 61 anos, que preferiu não se identificar. Ele comercializa água de coco na região da Praça Ary Coelho. “Diariamente pego 40 cocos e na venda de hoje, os passageiros estão fazendo falta. Acho que vou vender pouco, no máximo, acho que vai sair 20 cocos por conta da paradeira que está a praça”, diz.

Amauri Carlos Amaro, de 48 anos, vende salgado, na Avenida Costa e Silva com a Fábio Zahran, próximo ao Terminal Morenão e em frente ao ponto do Atacadão.

Amauri vende salgado próximo ao terminal Morenão (Foto: Mariely Barros)
Amauri vende salgado próximo ao terminal Morenão (Foto: Mariely Barros)

“Os clientes que passaram aqui foram os que vieram no mercado. Um deles pagou caro no Uber, 32 reais, para vir do Aero Rancho até aqui. Todo dia peço de 120 a 130 salgados, e esse horário (10h) já teria acabado, mas até o momento só vendi 30 salgados. A caixa ainda está cheia de salgado, tem café, refrigerante e água de coco. Tudo parado”, lamenta.

No entanto, ele entende o lado dos motoristas de ônibus. “Não tem ônibus, não tem ar condicionado, vejo o ônibus quebrando direto aqui, e além da passagem cara vários ônibus vivem atrasando, tenho muitos clientes que dependem de ônibus e reclamam. Para mim, esses ônibus não servem mais para a população”, relata.

De acordo com Amauri, se tiver mais dias de paralisação terá que parar de vender por um período para não ter prejuízo.

Paralisação – Nesta quarta-feira (18) ocorreu o primeiro dia de paralisação dos motoristas de ônibus por falta de reajuste salarial de 16% para a categoria.

Os ônibus do transporte coletivo de Campo Grande voltarão a funcionar normalmente na quinta-feira (19). Segundo o STTCU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), no sábado (21), está marcada assembleia geral para definir a greve.

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