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Capital

Ex-recolhe "dos Name" é preso em nova operação contra jogo do bicho

Anderson Alves Camposano foi alvo de busca e na casa foram encontradas munições; ele pagou R$ 10 mil de fiança

Por Ana Paula Chuva | 27/09/2024 16:31
Munições apreendidas durante a operação Forasteiros (Foto: Divulgação | Gaeco)
Munições apreendidas durante a operação Forasteiros (Foto: Divulgação | Gaeco)

Ex-recolhe da família Name, Anderson Alves Camposano foi alvo de mandado de busca e apreensão na Operação Forasteiros, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na quinta-feira (26). Ele, no entanto, acabou sendo preso em flagrante com munições calibre 38, que afirma ter comprado por R$ 25. Para deixar a cadeia, pagou R$ 10 mil de fiança.

De acordo com o boletim de ocorrência, Anderson foi localizado em imóvel na Rua Capitão Rebouças, Bairro Portal Caiobá, em Campo Grande por volta das 6h de ontem. Na ocasião, equipe do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) cumpria ordem judicial de busca e apreensão na operação contra o jogo do bicho.  Ele estava no local sozinho e duas testemunhas foram chamadas para acompanhar os policiais na vistoria.

Em uma das gavetas de uma cômoda foram encontradas oito munições calibre 38 intactas, que ele afirmou ter comprado há aproximadamente quatro meses de um desconhecido por R$ 25. A equipe continuou as buscas e não encontrou nenhum revólver na casa e ele recebeu voz de prisão pela posse do material.

Ao delegado Thiago Lucena e Silva, titular da Deccor (Delegacia Especializada de Combate à Corrupção), ele contou que mora na casa sozinho e trabalha atualmente como motorista de aplicativo com renda mensal entre  R$ 2 mil e R$ 3 mil e que comprou as munições “por comprar mesmo” e que não teria nenhuma arma de fogo.

Não foram encontradas passagens criminais em nome de Anderson e o delegado arbitrou fiança de R$ 10 mil para que ele respondesse o processo em liberdade. O valor foi pago ainda na tarde de ontem e ele foi solto.

Ex-recolhe – Conforme apurou o Campo Grande News, em 9 de abril de 2021, Anderson entrou com processo trabalhista contra a Name Consultoria e Assessoria Empresarial Eireli-ME e contra a família Name alegando que trabalhou com os acusados como “recolhedor” de 5 de março de 2015 até 2 de dezembro de 2020, quando a empresa foi fechada.

São chamados de "recolhe" ou "recolhedor" os responsáveis por passar pelos pontos de apostas do jogo do bicho ou outros jogos de azar para pegar o dinheiro arrecadado e levar ao destinatário final.

Na ação, Anderson pediu o reconhecimento do vínculo de emprego e que Jamil Name, Jamil Name Filho e Jamilson Lopes Name fossem condenados a anotar o contrato de trabalho na carteira profissional dele e a pagar verbas rescisórias, feriados trabalhados, adicional de periculosidade por uso de motocicleta e indenização por dano moral.

Os réus negaram, em audiência, qualquer tipo de prestação de serviços de Anderson. Em depoimento, ele confessou que foi contratado e se dirigia a uma pessoa de nome “Agostinho” que também pagava os valores das comissões pelas vendas de cartelas.

Testemunhas ouvidas confirmaram que ele não tinha nenhuma relação de emprego com a empresa e com os acusados, mas ratificaram a relação com o “Agostinho” – que seria gerente dos Name – para venda de cartelas do Pantanal Cap, título de capitalização.

Outras duas testemunhas, porém, afirmaram em depoimento que “Agostinho” era apenas cliente dos Name e buscava cerca de cinco mil cartelas do Pantanal Cap por semana no escritório, pagamento às vezes na hora e outras vezes por meio de consignação – pagando só que o vendeu depois.

Com isso, os desembargadores da 1ª Vara do Trabalho de Campo Grande entenderam não existir vínculo empregatício entre Anderson e os Name e o processo foi arquivado definitivamente em março do ano passado.

Equipe do Dracco em um dos endereços alvos da operação nesta quinta-feira (Foto: Divulgação | Gaeco)
Equipe do Dracco em um dos endereços alvos da operação nesta quinta-feira (Foto: Divulgação | Gaeco)

Forasteiros – Nesta quinta-feira, o Gaeco, com apoio do Dracco, cumpriu sete mandados de prisão e mais 30 de busca e apreensão em nova ofensiva contra o jogo do bicho. Além de Campo Grande, as ordens judiciais foram cumpridas em Aquidauana, Araguaína (TO) e nas cidades de São Paulo, Pompeia e Marília no estado de São Paulo.

A investigação durou aproximadamente nove meses e apontou que organização autointitulada “MTS”, que tem lideranças em São Paulo, se instalou em Campo Grande em meados de 2021 para explorar o jogo do bicho e as máquinas caça-níqueis, bem como “praticou crimes correlatos necessários para manter a atividade ilícita principal. O grupo criminoso estabeleceu mais de mil bancas de apostas e arrecadou mais de R$ 5 milhões por mês".

Gerente - Homem que se apresentou à Polícia Civil como empresário do ramo de apostas esportivas foi alvo de mandado de prisão durante a operação na quinta-feira. Odiney de Jesus Leite Júnior, de 43 anos, o "Barba", foi encontrado no apartamento onde mora no Jardim Seminário.

“Barba” é personagem de diálogos interceptados pelo Gaeco em outra investigação, que teve como foco grupo que tentava tomar o território “dominado” pelo MTS desde a derrocada da família Name. Em relatórios e peças processuais da Operação Successione, o apelido aparece como de pessoa que ainda não havia sido identificada, mas que seria vítima de emboscada planejada por integrantes da organização rival.

Odiney de Jesus Leite Júnior em foto publicada em maio nas redes sociais (Foto: Instagram/Reprodução)
Odiney de Jesus Leite Júnior em foto publicada em maio nas redes sociais (Foto: Instagram/Reprodução)

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