ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
JANEIRO, QUINTA  02    CAMPO GRANDE 28º

Capital

Filho usou pá para matar a mãe, aponta polícia

Ferramenta foi encontrada suja de sangue próximo a casa da vítima e apreendida pela perícia

Por Bruna Marques e Ana Beatriz Rodrigues | 30/12/2024 11:07
Mariza foi morta pelo filho na noite de sexta-feira (27) (Foto: Reprodução/Instagram)
Mariza foi morta pelo filho na noite de sexta-feira (27) (Foto: Reprodução/Instagram)

Investigação da Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) aponta que Diego Pires de Souza, 36 anos, utilizou uma pá para matar a própria mãe, na noite de sexta-feira (27). Mariza Pires, 66 anos, foi assassinada na casa onde ela morava, na Rua Paulo Hideo Katayama, no Conjunto União, em Campo Grande.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Diego Pires de Souza, de 36 anos, foi preso sob suspeita de ter assassinado sua mãe, Mariza Pires, de 66 anos, utilizando uma pá em Campo Grande. O crime ocorreu na residência da vítima, onde a polícia encontrou evidências, incluindo a pá com marcas de sangue. Durante o interrogatório, Diego optou por permanecer em silêncio, e a delegada Analu Ferraz indicou que a motivação do crime ainda não está clara, embora haja indícios de uma discussão interna. Este caso se insere em um contexto alarmante de violência familiar na região, com vários crimes semelhantes registrados recentemente, incluindo filhos matando mães e irmãos.

Conforme explicou a delegada Analu Ferraz, responsável pelo caso, durante coletiva à imprensa nesta manhã, no sábado as equipes foram acionadas porque, próximo à residência da vítima, foi localizada uma pá com marcas de sangue. “Possivelmente essa pá teria sido utilizada para cometer o crime. A perícia foi acionada, fez a coleta dessa pá, ela já foi submetida à perícia. Pegamos imagens do local que mostram o autor indo levar a pá”, explicou.

Segundo a delegada, Diego optou por ficar em silêncio no momento de seu interrogatório, mas teve a prisão em flagrante convertida para preventiva. “Estamos construindo elementos firmes de convicção do Ministério Público para que ele seja denunciado e responda pelo feminicídio”, disse Analu, informando que as testemunhas começarão a ser ouvidas hoje.

Questionada sobre a motivação do crime, Analu disse que, pelo fato de Diego ter ficado em silêncio, não tem a motivação concreta. “Ele não nos disse as razões que o levaram a cometer o crime, então a gente ainda não tem elementos da motivação dele. Foi uma discussão interna, não sabemos se foi relacionada a dinheiro ou à convivência. Nós vamos começar a ouvir as testemunhas para entender o contexto familiar e quais eram os problemas principais da família”.

Casa onde Mariza foi assassinada pelo filho (Foto: Juliano Almeida)
Casa onde Mariza foi assassinada pelo filho (Foto: Juliano Almeida)

Contradição – A autoridade policial revelou que, na noite do crime, os policiais plantonistas da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol chegaram a ir à casa da vítima, porque em um primeiro momento não havia indícios de que o fato pudesse se tratar de um feminicídio.

“Mas depois que a equipe estava no local, foi verificado que o filho estaria como suspeito, até pelas contradições apresentadas por ele, tanto para a Polícia Militar quanto para o Corpo de Bombeiros e vizinhos. A primeira informação que ele passou foi que chegou em casa e encontrou a mãe desacordada e que provavelmente havia sofrido um AVC (acidente vascular cerebral), mas os médicos no local verificaram uma lesão muito grande na cabeça dela e uma lesão de defesa na mão, o que caracteriza que ocorreu um crime”, esclareceu Analu.

Neste ano, outros crimes envolvendo filhos, mães e irmãos foram registrados em Campo Grande. De acordo com a delegada, há casos emblemáticos. “Nós tivemos muitas situações de filho matando mãe, nós tivemos um adolescente, um rapaz que matou a irmã com pedrada na cabeça, casos não relacionados somente a companheiros”, relatou.

Pedra e serrote utilizados na morte de Renata foram recolhidos para perícia (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)
Pedra e serrote utilizados na morte de Renata foram recolhidos para perícia (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)

Outros crimes - No dia 6 de outubro, um adolescente de 16 anos foi apreendido, suspeito de matar a mãe, Regina Fátima Monteiro de Arruda, de 52 anos, com vários golpes de faca. Os dois moravam juntos em uma casa na Rua Macarai, no Jardim Zé Pereira, em Campo Grande, onde o crime aconteceu.

Segundo a polícia, o cenário encontrado na casa indica que antes do crime houve luta entre mãe e filho. Havia sangue espalhado pelos cômodos. A roupa usada pelo suspeito foi trocada e ficou no local, suja de sangue. Segundo os vizinhos, que não quiseram se identificar, o adolescente era Mirim e parecia ser tranquilo.

Já no dia 22 de março, um homem, de 34 anos, foi preso em flagrante após matar a irmã, Renata Andrade de Campos Widal, 39. O caso aconteceu na Rua Bela, situada no Residencial Vila Bela, na região do Jardim Centenário, em Campo Grande.

Delegada Analu Ferraz durante coletiva de imprensa na manhã de hoje (Foto: Henrique Kawaminami)
Delegada Analu Ferraz durante coletiva de imprensa na manhã de hoje (Foto: Henrique Kawaminami)

Conforme apurado pela reportagem no local, o autor do homicídio supostamente ligou para a Polícia Militar por volta das 17h, dizendo que quatro homens armados entraram em sua residência e mataram sua irmã. Calmo e sem demonstrar reação, o homem chegou a detalhar a fisionomia dos supostos agressores.

No entanto, a equipe que atendeu a ocorrência encontrou roupas sujas de sangue e percebeu que a mão do sujeito estava machucada. Pressionado, ele confessou o crime e disse que deu socos e pedradas na vítima. Na sequência, usou um serrote para cortar o pescoço da irmã.

Outro caso foi registrado no dia 16 de dezembro. Na ocasião, uma idosa de aproximadamente passou mal e morreu depois de ser agredida dentro de casa, no Bairro Giocondo Orsi, em Campo Grande. O filho é suspeito de cometer as agressões. Ele acabou preso após causar confusão com os vizinhos e a Polícia Militar enquanto a mãe era socorrida.

Moradores da região contaram que ouviram agressões momentos antes da morte.

Peritos com objetos que foram apreendidos dentro da casa onde adolescente matou a mãe (Foto: Enryck Sena )
Peritos com objetos que foram apreendidos dentro da casa onde adolescente matou a mãe (Foto: Enryck Sena )

Estatística - Faltando um dia para o ano terminar, Campo Grande registrou, até o momento, 11 crimes de feminicídio somente em 2024. Se comparado em todo o Estado, o número fica ainda maior, saltando para 35, contra os 30 registrados em 2023, aumento correspondente a 16,6%.

Dez anos de existência – Em março de 2025, completam-se 10 anos da lei que torna o feminicídio como crime. O decreto considera o ato, quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher de vítima.

Em outubro deste ano, entrou em vigor a lei que agrava ainda mais o crime, elevando para até 40 anos a pena para quem assassinar mulheres no contexto citado acima. Dessa forma, homens julgados por feminicídio podem pegar pena que varia de 20 a 40 anos, se houve agravantes como: crime cometido durante gestação; contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos; na presença de pais ou filhos da vítima; quando houver descumprimento da medida protetiva, entre outros.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias