Há 3 anos sem reajuste, taxistas dizem que desconto de 30% é inviável
Decreto autorizando a dedução foi publicado no Diogrande do dia 6 de abril; Condutor deve informar ao passageiro percentual antes de acionar o taxímetro
Sem reajuste na tarifa de táxi desde 2014, os motoristas do setor dizem que o desconto de 30% permitido pela Prefeitura de Campo Grande é inviável de ser aplicado. De acordo com a categoria, a defasagem no preço acumulada nos últimos três anos impede de aplicar o valor mais baixo.
O decreto que autoriza o desconto de até 30% no valor da corrida foi publicado no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) no dia 6 de abril, mas motoristas e auxiliares reclamam que não conseguem concorrência leal com os aplicativos de carona paga.
"Quem é curiango não tem como dar desconto. Temos três opções de pagamento para o dono do carro, sendo: porcentagem, diária ou quilômetros. Se eu pego uma corrida do meu ponto até o aeroporto são 16 quilômetros de ida e volta, tenho que pagar R$ 16 e mais a gasolina, ou seja, a corrida fica em média R$ 27 e me sobra de lucro R$ 5. Como eu vou dar desconto?", questionou um auxiliar que não quis se identificar.
A reportagem foi em três ponto de táxi, uma na Rua 25 de Dezembro esquina com a Avenida Afonso Pena, outro na Rua Maracaju perto da Rua Arthur Jorge, e outro na Rua Arthur Jorge esquina com a Rua Marechal Cândido do Mariano Rondon. A opinião foi unanime entre os motoristas.
"Eu pago R$ 1,10 por quilômetro rodado, mais a gasolina. Tenho que entregar com tanque cheio. Sobra pouco de cada viagem, esse 30% é só para quem é dono do carro. Quem tem alvará quer que a gente dê o desconto do nosso bolso e ainda pague", afirma Paulo Nazário, de 59 anos e há 30 auxiliar de taxista.
Dono de um alvará, Vanderlei Paniago tem 48 anos e há 30 trabalha no ramo. Ele herdou a autorização do pai e descorda que o desconto é apenas para quem é de carro. "Os auxiliares reclamam mesmo, normal. O desconto não tem como ninguém dar, estamos há anos sem aumento na tarifa e tudo subindo. A gasolina sobe, mecânica, preço de carro, tudo aumenta, mas nossa tarifa não", desabafou.
Ele afirma que chegou a andar com o adesivo de desconto no carro, mas tirou após 15 dias e não ver aumento nas corridas. "Eu tirei, não mudou o movimento e por isso tirei. Quando o cliente pede eu tiro os 30%, mas não compensa", afirma.
Decreto - De acordo com a publicação do Diogrande fica permitida e isenta de aplicação de multa, a adoção de tarifas variáveis, na cobrança pelo serviço de transporte individual de passageiros, podendo ser concedido o desconto de até 30% no valor do taxímetro.
Os veículos que aderirem o desconto tarifário deverão estar devidamente identificados com adesivo. O condutor deverá informar ao passageiro, após a sua acomodação no interior do veículo o percentual do desconto antes de acionar o taxímetro.