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Capital

"Laranja" de esquema milionário do tráfico é liberado, mas tem passaporte retido

"Contenção" foi preso há 56 dias pela PF, na investigação sobre tráfico de armas e cocaína

Por Silvia Frias | 10/07/2024 11:16
PF em cumprimento de mandado deflagrado na operações Sordidum e Prime (Foto/Divulgação)
PF em cumprimento de mandado deflagrado na operações Sordidum e Prime (Foto/Divulgação)

A Justiça Federal revogou a prisão preventiva de Carlos Kleiber de Souza Marques, o “Contenção”, 56 dias após a Operação Sordidum, deflagrada pela Polícia Federal em investigação contra tráfico internacional de cocaína e armas. Agora, ele terá de cumprir medidas restritivas, como a proibição de se ausentar de Campo Grande por mais de sete dias.

“Contenção” foi preso no dia 15 de maio, na investigação que cumpriu 26 mandados de prisão nas operações Sordidum e Prime, que tinham o mesmo objetivo. A PF apurou que as três organizações, alvos das ações, tinham patrimônio de pelo menos R$ 100 milhões, somente em imóveis.

Segundo a investigação da PF, “Contenção” seria proprietário de aeronave PR-FUM e de veículo Ford/Mustang e se apresentava como sócio da empresa Golden Empreendimentos Imobiliários. Porém, ele atuaria como “laranja” de Alexander Souza, também conhecido como Maxsuel Bueno Escobar, identidade falsa de empresário de Dourados que, suspostamente, seria um dos líderes do esquema.

A defesa dele alegou que o investigado apresenta os requisitos básicos, sendo tecnicamente primário, com residência fixa e ocupação lícita. Afirmou também que a justificativa inicial não se encontra mais presente, como possibilidade de desfazimento e/ou destruição de bens já estaria sanada com a prisão e apreensão. “Alegou, também, que sua possível participação nos fatos estaria restrita à qualidade de “laranja”, sem ligação aos delitos hediondos investigados”.

Os advogados de “Contenção” juntaram documentos como comprovantes de residência, escritura pública de união estável, declaração de testemunhas de sua ocupação e relação com Alexander Souza.

O MPF (Ministério Público Federal) opinou pelo deferimento do pedido, já que a participação dele “minorou” com a prisão, mas pediu como substituição o uso de tornozeleira eletrônica.

Porém a Justiça Federal avaliou que não seria o caso do monitoramento eletrônico, mas de outras medidas restritivas. Por isso, revogou a prisão preventiva com comparecimento mensal em juízo, comprovando endereço e justificando atividades; proibição de manter contato com os demais investigados e testemunhas dos fatos apurados, inclusive com os outros “laranjas”; proibição de atuar em favor das empresas utilizadas para lavagem de dinheiro; proibição de se ausentar de Campo Grande por mais de sete dias sem prévia autorização; proibição de saída do território nacional; retenção de passaporte e obrigação de manter endereços e telefones atualizados.

Operação - Ao todo foram cumpridos 64 mandados de busca e apreensão, 25 mandados de prisão preventiva, 11 mandados de prisão temporária, sequestro de 90 imóveis e bloqueio de bens e valores de 80 pessoas e empresas investigadas por tráfico internacional de drogas e armas, evasão de divisas, falsificação de documentos públicos e até tortura em 11 estados da federação.

Os alvos da polícia estavam espalhados pelos estados de Mato Grosso do Sul, Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraíba e São Paulo - onde foram cumpridos mandados judiciais nesta quarta-feira (15).  Em MS, foram cumpridos mandados em Campo Grande, Ponta Porã, Caarapó e Bonito.

Foi determinado o sequestro de 90 imóveis e bloqueio de bens e valores de 80 pessoas e empresas investigadas.

De acordo com a PF, a lavagem de dinheiro era para “limpar” o lucro com o tráfico de cocaína, que por meio dos modais aéreo e rodoviário abastecia tanto grandes centros no Brasil quanto o mercado internacional, com remessa para países da América Central.

“A operação começou acompanhando um grupo que movimentava bastante dinheiro em Ponta Porã. Empresas de fachada que cediam as contas para doleiros paraguaios. Era no patamar de milhões de reais. Sempre exageram”, afirma o delegado Lucas Vilela, que coordenou as operações e integra o Gise (Grupo de Investigações Especiais Sensíveis) da PF em Mato Grosso do Sul. As operações descapitalizam os grupos.

As empresas eram de ramos diversos, como lojas de confecções e revendedoras de alimentos. Nessa etapa, do crime de lavagem de dinheiro, entra em cena os doleiros. O traficante não pode movimentar os valores diretamente nas próprias contas, o que automaticamente despertaria a atenção dos órgãos de fiscalização. Então, o pagamento pela carga de drogas entra em contas de laranjas indicadas pelos doleiros.

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