Laudo mostra que PM furou sinal vermelho antes de morrer em acidente com moto
Agora, advogado que atingiu moto vai responder apenas por homicídio culposo, apesar de estar bêbado no dia
Laudo pericial aponta que o policial militar Luciano Abel de Carvalho Nunes, 29 anos, furou o sinal vermelho em acidente de trânsito que causou sua morte, na Avenida Ministro João Arinos.
O outro envolvido na colisão, advogado Helder da Cunha Rodrigues, 39 anos, vai responder por homicídio culposo no trânsito, sem intenção de matar, apesar de dirigir bêbado. Até o começo do mês, o processo tramitava na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, que julga crimes dolosos contra a vida (quando há intenção de matar).
Os laudos foram cruciais para a reclassificação e o semáforo vermelho, mais uma vez, foi protagonista. No parecer, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) citou caso de novembro de 2017, quando acidente na Afonso Pena, em frente ao Shopping Campo Grande, matou uma advogada.
Ela também furou o sinal vermelho, e o Fox que conduzia foi atingido pela caminhonete do estudante de Medicina, que dirigia a 115 km/h e fugiu do local. Neste processo, o caso também foi reclassificado para homicídio culposo no trânsito.
Caso recente - O acidente que matou o policial militar Luciano Nunes aconteceu por volta das 4h da madrugada, do dia 19 de outubro de 2020, na esquina das avenidas Ministro João Arinos e Centáurea, na Cidade Jardim. A colisão foi entre a motocicleta Yamaha 600 cilindradas, conduzida pelo policial, e um Cobalt, conduzido por Helder Rodrigues.
O advogado estava bêbado (0,76 mg/L – miligrama por litro), acima da velocidade permitida na via (76 km/h) e não tinha habilitação para dirigir carros. O policial morreu no local do acidente e Helder chegou a fugir, mas foi preso na sequência. Atualmente, responde ao processo em liberdade.
“Ainda que a conduta do investigado, Helder da Cunha Rodrigues, tenha concorrido para a gravidade do sinistro, a causa determinante do acidente foi a ultrapassagem do sinal vermelho pela vítima Luciano Abel de Carvalho Nunes”, informa a promotoria.
Segundo o promotor José Arturo Iunes Bobadilla Garcia, os laudos periciais demonstraram que a causa determinante do acidente é atribuída à vítima, que ao ignorar a sinalização semafórica de parada obrigatória (iluminação do semáforo na cor vermelha), provocou a colisão dos veículos, agravada pela velocidade do carro conduzido pelo advogado, que não possuía habilitação de categoria “B” e estava em estado de embriaguez.
No último dia 2, o juiz Aluízio Pereira dos Santos determinou a remessa dos autos para uma das Varas Criminais. De acordo com o magistrado, a manifestação do Ministério Público demonstra que não foi possível desdobrar linha investigativa que pudesse autorizar o encontro de indícios de existência de crime doloso. O processo foi transferido para a 3ª Vara Criminal de Campo Grande.
Câmera – Um dos laudos da perícia criminal analisou imagens da câmera de segurança de estabelecimento comercial, localizada na Rua Flamboyant. O resultado foi de que o semáforo estava fechado para a motocicleta conduzida pelo policial (V2), enquanto o semáforo para o Cobalt (V1) estava aberto. A moto estava na Centáurea, enquanto o carro seguia pela João Arinos (sentido bairro ao Centro).
Conforme o laudo do Instituto de Criminalística Hercílio Macellaro, a partir da análise da sequência de abertura do semáforo que controla a sinalização do cruzamento, infere-se que estava fechado (vermelho) para a motocicleta. As imagens são distantes e em preto e branco.