Medo faz mãe de vítima pedir para depor longe de assassino 15 dias antes de júri
Defesa de assassino confesso convocou mãe de Maria Grazieli Elias de Souza, 21, como testemunha indispensável
Convocada pelo assassino confesso da filha para depor como testemunha “em caráter de imprescindibilidade”, mãe de Maria Grazieli Elias de Souza, 21, não quer encarar o réu. Ela quer que Lucas Pergentino Câmara, 29, seja retirado do plenário do Tribunal do Júri de Campo Grande quando for depor, porque “teme represálias”.
O pedido, normalmente feito durante os júris populares, foi feito através do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), responsável pela acusação, nesta terça-feira (3), a duas semanas do julgamento. “Assim, tendo em vista que a defesa do acusado Lucas Pergentino se fará presente durante a sua oitiva, não há que se falar em nulidade do feito ou cerceamento da defesa, sendo tal requerimento formulado por este parquet a pedido da testemunha, que teme por sua vida, para atendimento da busca pela verdade real dos fatos”, argumentou.
No fim da tarde desta quarta-feira (4), o juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, deferiu o pedido. “É direito da testemunha ser ouvida sem a presença do acusado quando não se sentir à vontade para prestar suas declarações”, registrou.
No dia 17 de outubro, Lucas Pergentino senta no banco dos réus, três anos após o crime. Depois de confessar que matou a companheira asfixiada, em juízo, o réu alegou que mentiu na DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), hoje DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa), após ter sido levado para “cativeiro”, onde foi torturado e ameaçado por policiais civis.
A alegação de confissão sob tortura chegou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas todos os recursos da defesa para evitar que o réu fosse levado a júri popular foram negados.
No Tribunal do Júri – Lucas será julgado por homicídio triplamente qualificado – por asfixia, mediante traição e feminicídio – além da ocultação de cadáver.
Conforme a investigação, conduzida pelo delegado Carlos Delano, e a acusação, Maria Graziele e Lucas viveram juntos por oito anos, mas tinham um relacionamento conturbado, marcado por “ciúme doentio e sentimento de posse” dele em relação à jovem. O casal estava separado quando o crime aconteceu.
No dia 14 de abril, aniversário de Lucas, ela aceitou ir até a casa do rapaz, na Rua Mitsuyo Aratani, no Parque do Lageado – bairro do sul de Campo Grande –, para comemorar a data. Segundo a denúncia, os dois mantiveram relação sexual e permaneceram deitados conversando. A jovem então comentou sobre o medo que sentia de ser morta pelo companheiro e nesse momento, foi imobilizada por ele.
Aplicando um mata-leão, Lucas virou Maria Graziele de bruços na cama e a matou asfixiada. Só seis horas depois, ainda segundo a apuração, ele colocou o corpo da vítima no carro e a levou até a BR-262. O cadáver da estudante foi encontrado cinco dias depois.
Passaram-se 11 dias desde o crime até a prisão do suspeito, num sábado, dia 25 de abril. Durante todo esse período, Lucas agiu friamente para tentar despistar a polícia. Foi ele quem acompanhou a mãe da vítima até delegacia para registrar o desaparecimento da estudante e também comprou coroa de flores para levar ao velório da moça depois que o corpo foi encontrado.
Em juízo, o réu disse que se encontrou com “Grazi”, como era ela conhecida, mas não a matou.
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