Polícia volta a investigar morte em lava jato para colher mais evidências
O Ministério Público Estadual devolveu à DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) o inquérito que investiga a morte do adolescente Wesner Moreira da Silva, 17 anos, para que sejam colhidos mais informações e depoimento para embasar uma acusação de homicídio doloso (com intenção de matar) contra o dono e o outro funcionário do lava-jato onde ocorreu o crime, no dia 2 de fevereiro.
Na ocasião, Wesner teve uma mangueira de alta pressão enfiada em seu ânus, que dilacerou parte do estômago e pulmões. Os acusados do crime, Thiago Giovanni Demarco Sena, 20, e Willian Henrique Larrea, 30, alegam que o ato foi motivado por uma brincadeira, presenciada por um menino de 11 anos. A vítima morreu após passar 11 dias internada.
Delegado titular da DEPCA, Paulo Sérgio de Souza Lauretto destacou que a polícia tem agora até o dia 1º de julho para remeter nova acusação aos promotores.
“Já temos as provas técnicas que comprovam as características de um homicídio intencional, mas precisamos agora de dados complementares para embasar essa questão”, disse Lauretto.
O objetivo do delegado agora é colher depoimento de médicos que prestaram os primeiros socorros ao jovem, ainda na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Tiradentes, para onde foi levado por um dos acusados.
Com isso, segundo Lauretto, a polícia conseguirá desvendar uma questão que permeia o caso: de que a mangueira foi ou não introduzida no ânus ou se foi apenas aproximada com a vítima ainda vestindo as calças.
Três laudos foram feitos pela perícia sobre o caso. O primeiro deles diz que as lesões na garganta, estômago e esôfago de Wesner são compatíveis com causadores internos no corpo.
A Justiça, no entanto, negou o pedido de prisão preventiva dos acusados feito pela polícia usando não só o segundo laudo, que não aponta ferimentos no ânus, como o depoimento da dupla, testemunha e do próprio Wesner de que suas calças não foram abaixadas.
“O período de internação e a dosagem de medicamentos seriam mais do que suficientes para cicatrizar esses ferimentos”, disse o delegado.
Apesar do retorno do inquérito, Lauretto destaca que os dois acusados não poderão mais ser presos preventivamente. Além do prazo ter estourado, a argumentação judicial para a primeira recusa dificultaria uma decisão contrária agora. Ou seja, eles responderão o processo em liberdade.