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Capital

Perícia não encontrou sangue em material apreendido com enfermeiro

Paula Maciulevicius | 29/07/2011 17:58

Polícia acredita que Jodimar tenha se desfeito dos instrumentos usados em Marielly

Material foi recolhido na casa de Jodimar, no final de junho. (Foto: Simão Nogueira)
Material foi recolhido na casa de Jodimar, no final de junho. (Foto: Simão Nogueira)

A Polícia já está com os laudos dos materiais apreendidos na casa de Jodimar Ximenes Gomes, suspeito de ter feito o aborto malsucedido em Marielly Barbosa Rodrigues, de 19 anos. Os resultados apontam que os bisturis, lâminas, portas-agulha e a pinça são instrumentos que podem ser usados para um aborto. Sem encontrar vestígios de sangue, o delegado responsável pelo caso, Fabiano Nagata, acredita que Jodimar se desfez do material usado em Marielly.

A busca na casa do enfermeiro trouxe à Polícia três carimbos médicos, cuja procedência será investigada. Segundo o delegado a principal suspeita é de que eram usados para comprar remédios. “Ele fala que era para pegar modelo, mas não esclareceu”, explica o delegado.

Quanto aos medicamentos, pomadas, comprimidos para dor, seringas e dois tipos de anestésicos locais, também apreendidos com o enfermeiro, o laudo mostrou que não se evidencia a aplicação em casos de aborto, por não serem específicos, mas que podem ser usados para a prática.

Para a Polícia, os instrumentos reforçam as provas já existentes contra Jodimar, baseadas em relatos de testemunhas. “Vai ao encontro de tudo o que temos”, diz Nagata.

Nesta tarde o cunhado de Marielly, Hugleice da Silva, que confessou ter levado a jovem para o aborto e posteriormente ocultado o cadáver, está sendo ouvido novamente.

Laudo aponta que instrumentos podem servir para prática de aborto. (Foto: Simão Nogueira)
Laudo aponta que instrumentos podem servir para prática de aborto. (Foto: Simão Nogueira)

A Polícia quer informações completas para localizar o colega de trabalho dele que teria indicado Jodimar. O delegado afirma que precisa ter o nome completo para não envolver a pessoa errada. Hugleice se referiu ao amigo apenas como “Gaúcho”.

Em relação ao laudo da primeira caminhonete, a Polícia acredita que deve ter o resultado na próxima semana. A segunda caminhonete foi entregue hoje ao Instituto de Criminalística para perícia. Para o delegado, a apreensão desta é definitiva para o caso. “A apreensão materializa a versão dele”, fala.

Caso - Marielly saiu de casa, no Jardim Petrópolis, no dia 21 de maio - sábado - dizendo que iria resolver um problema e não foi mais vista. A família dela, inclusive Hugleice, e amigos, espalharam cartazes pelo bairro, e-mails e foram à OAB/MS e Assembléia Legislativa.

O corpo foi encontrado no dia 11 de junho com roupa diferente daquela que a garota havia saído de casa, sem feto e com cor acinzentada, indicando a perda de sangue.

A perícia constatou que não havia marcas de violência no corpo e que, diante da informação de que ela estava grávida, a morte foi resultado do aborto malsucedido.

A Polícia suspeitou de Hugleice porque quebra de sigilo telefônico constatou que ele foi a última pessoa com quem ela conversou, a empregada de Jodimar o viu na residência onde ela trabalhava e, ainda, porque no local onde o cadáver estava havia embalagens de halls, ‘vício’ do rapaz, conforme informado pela dentista dele à Polícia.

A família de Marielly mentiu à Polícia sobre Hugleice. Todos disseram que o rapaz estava em casa no dia 21 de maio, no fim da tarde, quando a operadora de celular dele indicou que ele estava em Sidrolândia. A princípio, a família não será punida criminalmente pela mentira.

Jodimar - O enfermeiro continua negando envolvimento no caso. Ele se apresentou à Polícia no dia seguinte ao decreto da prisão. A defesa dele ainda contesta as provas reunidas contra ele.

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