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Capital

Vizinhos e colegas não entendem como vigia “tranquilo” assassinou 2 policiais

No Bairro Maria Aparecida Pedrossian, Ozeias de Morais era conhecido pela tranquilidade, assim como no condomínio onde trabalhava

Ângela Kempfer e Paulo Francis | 10/06/2020 16:23
Vigia morava com a família no Bairro Maria Aparecida Pedrossian. (Foto: Kisie Ainoã)
Vigia morava com a família no Bairro Maria Aparecida Pedrossian. (Foto: Kisie Ainoã)

Pouco se vê do interior da casa da família de Ozeias Silveira de Morais, no Bairro Maria Aparecida Pedrossian. Na tarde de hoje, a reportagem não conseguiu passar do portão, na tentativa de entender o motivo que levou o vigilante de 45 anos a executar dois policiais civis a sangue frio, na tarde de terça-feira. Quatro pessoas chegaram a atender a equipe, mas pediram desculpas e afirmaram não ter “condições” de comentar o caso.

Sobrou para os vizinhos falarem do morador considerado “acima de qualquer suspeita”. Eles contam que a família de Ozeias é grande. No mesmo imóvel, moram cunhado, irmã, os pais idosos, esposa e dois filhos, um deles de cinco anos.

Comerciante da região, que pediu para não ter o nome divulgado, conta que uma das imagens que vem à cabeça é do vizinho passeando todas as noites com a cachorra da família.

Segundo ele, era rotina Ozeias sair com ela antes mesmo de trocar o uniforme de vigilante. “Era trabalhador, saia 4 horas de casa e só voltava à noite. Ia da casa para o serviço e do serviço para casa. Não consigo entender o que aconteceu. Conhecia há pelo menos 10 anos”, diz.

Ainda surpreso com o crime da tarde anterior, ele descreve Ozeias como uma pessoa “tranquila", que "não bebia, não fumava, não jogava. Só não era de amizade, mas não era o que estão falando no jornal, era de boa índole”, afirma. O comerciante diz que se assustou quando viu a notícia da execução dos policiais.

A imagem de homem pacato começou a mudar na noite de ontem, quando os dois policias da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos) chegaram à casa de Ozeias à tarde e ele saiu para dar declarações na delegacia. “Vi quando os policias passaram aqui, conversaram de forma super tranquila, sem discussão. Os policiais pareciam muito gente boa. Só caiu a ficha sobre as mortes na hora que eu vi o carro deles no jornal e reconheci que era o mesmo que veio aqui”, conta o amigo.

Na mesma rua, outra vizinha de 32 anos diz que Ozeias era “acima de qualquer suspeita” “Ficamos de queixo caído. A impressão era de que ele não matava nenhuma barata”, comenta.

Ela, inclusive, não acredita na possibilidade de o vigia ter participado de assalto a joalheiro de Campo Grande, suspeita que levou a polícia a investigá-lo. “Eu não boto minha mão no fogo, mas, do jeito que ele era trabalhador, eu duvido que tenha participado do assalto”.

No bairro, era notório que Ozeias andava armado, por conta da profissão. Mas a vizinha diz  não ter desconfiado dele nem mesmo ao ver a rua lotada de policiais na noite de terça, após o duplo assassinato. “Pensei que era algum criminoso pelo bairro. O Ozeias era uma pessoa completamente tranquila, assim como a família inteira”, garante.

O assassino trabalhava na portaria do condomínio Nahima Park. (Foto: Paulo Francis)
O assassino trabalhava na portaria do condomínio Nahima Park. (Foto: Paulo Francis)

No emprego – No Condomínio Nahima Park, nos altos da Avenida Afonso Pena, o choque também foi grande ao saber do crime. Ozeias trabalhou por 9 anos como vigia no residencial, local com alguns dos metros quadrados mais caros de Campo Grande.

Era também um funcionário "acima de qualquer suspeita", já que não tinha antecedente criminal.

Depois de muito tempo de serviço, Ozeias “pediu as contas”, ficou 6 meses fora, e há cinco voltou, conta o colega Antônio Rodrigo Barbosa, de 39 anos.

Na segunda-feira, ele trabalhou normalmente de 6h ás 14h na portaria, na terça foi o dia de folga e à noite veio a surpresa. “O sindico me ligou dizendo que eu ia ter de cobrir ele hoje cedo. É difícil de acreditar. Sempre foi muito trabalhador. Nunca ninguém ia imaginar uma coisa dessas”.

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