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Cidades

Discreta e técnica, juíza que exige fiança de André tem 6 anos de carreira

Aline dos Santos | 17/05/2017 13:41
Juíza Monique ao lado do juiz federal João Felipe Menezes Lopes em evento na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Juíza Monique ao lado do juiz federal João Felipe Menezes Lopes em evento na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Com o nome em projeção nos jornais por autorizar prisões na Operação Lama Asfáltica e determinar fiança de R$ 1 milhão para que o ex-governador André Puccinelli (PMDB) não vá para a cadeia, a juíza federal substituta Monique Marchioli Leite parece evitar ser notícia.

No trabalho, a orientação é não repassar informações sobre a magistrada. Na internet as menções são apenas sobre locais de trabalho, comentários antigos em grupos de concurso e poucas imagens.

Na Justiça Federal de Campo Grande, ela é lotada no JEF (Juizado Especial Federal) e está de férias desde segunda-feira (dia 15).

O ingresso na cúpula da Justiça Federal foi em 2011, com aprovação em concurso público. No mesmo ano, foi aberta vacância na vaga que ocupava de técnico judiciário em Mato Grosso. Em Mato Grosso do Sul, há registro de lotações em Ponta Porã e Corumbá.

Contudo, são as decisões como substituta na 3ª Vara Federal de Campo Grande, especializada em crimes de lavagem de dinheiro, que chamam os holofotes. A magistrada autorizou as prisões preventivas, conduções coercitivas, bloqueio de bens e o uso de tornozeleira eletrônica para monitorar o ex-governador.

As medidas foram na 4ª fase da operação Lama Asfáltica, a Máquina de Lamas, investigação da PF (Polícia Federal) que aponta prejuízo de R$ 150 milhões aos cofres públicos.

No ano passado, também atuando em substituição ao juiz Odilon Oliveira, a juíza deferiu as prisões e bloqueios de bens das 2ª fase da operação, batizada de de Fazendas de Lama. Nas decisões, impera o estilo discreto e técnico.

Para quem já participou de audiência com a juíza, fica a impressão de rigor. “Estudiosa, bastante dedicada ao trabalho e rigorosa no trato de questões vinculadas ao poder público, como tem sido comum na atualidade da magistratura brasileira”, afirma o advogado André Borges.

Ao contrário do titular da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Odilon de Oliveira, a juíza Monique não vive sob escolta policial, conforme apurou a reportagem.

Dólares – Numa das passagens pela 3ª Vara Federal, Monique Leite assinou, junto com Odilon, uma portaria para disciplinar custódias e depósitos de valores apreendidos pela Polícia Federal. A medida foi tomada após suspeita de desvio de dólares por parte do então diretor Jedeão Oliveira, que trabalhou na Justiça por 21 anos.

No último dia 5 de maio, a presidente do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), desembargadora Cecília Marcondes, determinou a exoneração de Jedeão e inabilitação para exercício de cargo público federal por cinco anos. Ele já havia sido demitido no ano passado, mas a decisão menciona a indignação da juíza Monique Marchioli Leite, identificada pelas inicias M.M.L.

“Cita, com perplexidade, situação ocorrida pouco antes de sair de férias, em maio de 2015, quando o Banco Central do Brasil devolveu uma quantia que não se recorda ao certo, mas algo em torno de 16.700 dólares, cujas notas não poderiam ser trocadas”.

Na oportunidade, a ordem era que o dinheiro fosse guardado no cofre e, no dia seguinte, acautelado na Caixa Econômica Federal. Segundo Jedeão, a ordem foi cumprida. Posteriormente, em razão da vistoria, descobriu-se que esse dinheiro estava na secretaria, no armário do funcionário, embora já tivesse passado mais de um mês desde a determinação da juíza. 

A reportagem não conseguiu contato com a magistrada, que também é vice-presidente da Associação dos Juízes Federais de Mato Grosso do Sul.

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