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Interior

Agredida a pauladas, transexual recebe alta, mas espera cirurgia no maxilar

Flagrados por câmeras de segurança, dois homens foram presos e Justiça negou liberdade por habeas corpus

Caroline Maldonado | 23/03/2022 15:19
A cabeça de Cláudia Aparecida Linda, de 40 anos, após a cirurgia. (Foto: Arquivo Pessoal)
A cabeça de Cláudia Aparecida Linda, de 40 anos, após a cirurgia. (Foto: Arquivo Pessoal)

Recebeu alta ontem (22), a transexual agredida a pauladas Cláudia Aparecida Linda, de 40 anos, em Mundo Novo, a 463 quilômetros da Capital. Sair do hospital, no entanto, foi o começo de uma nova etapa dolorosa para a paciente e desafiadora para a família que não conta com a rede pública para cobrir todos os exames e medicamentos necessários na recuperação.

Depois de passar por uma cirurgia na cabeça e ficar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em hospital de Dourados, Cláudia foi transferida para Mundo Novo, onde ficou até receber alta. Ela está desorientada, sente muitas dores e espera por outra cirurgia, segundo a sobrinha, a autônoma Daiane Almeida, de 27 anos. Ela vende bolos, mas parou de trabalhar desde que houve a agressão.

Claudinha, como é conhecida pelos amigos, teve traumatismo craniano severo e a família alega que negligência no primeiro atendimento médico agravou a situação. Segundo Daiane, o médico disse que Cláudia "estava bêbada, passando mal por causa de briga de rua e iria para casa quando acordasse".

“Ficou das 5h da manhã às 22h sem atendimento. Se não fosse isso, não teria tido hemorragia na cabeça”, lamenta a sobrinha.

“Está sendo muito difícil, recebemos algumas doações, mas já foi tudo. Precisamos de fraldas, remédios, dinheiro para exames. Uma cartela de um remédio custa R$ 480,00 e uma tomografia que ainda vai ter que fazer vai custar em torno de R$ 600,00”, conta a sobrinha.

Cláudia está com o maxilar quebrado, mas tem que aguardar alguma recuperação antes de marcar cirurgia, conforme informaram os médicos à Daiane. “Não sei como vai ser essa cirurgia, se vai conseguir pela saúde pública, mas nós não temos condições de pagar. Está sendo muito complicado. Além dos remédios, tem a alimentação”, conta a sobrinha.

Ajuda - Quem quiser fazer doações de qualquer valor, pode enviar via Pix para o CPF 102.255.069-12, conta de Daiane Almeida. Os valores serão usados para pagar exames e medicamentos.

Caso - Espancada a pauladas no dia 14 deste mês, Cláudia foi vítima de tentativa de homicídio motivada por transfobia, segundo a polícia. Suspeitos da agressão, dois homens, pai e filho, foram presos.

Ademir Gonçalves de Oliveira, conhecido como Sabugo, e o filho Flávio Gean, continuam presos, conforme o delegado João Cleber Dorneles.

“O advogado de defesa entrou com pedido de habeas corpus, mas a Justiça negou. Eles estão com prisão preventiva e o caso já foi apresentado para que o Ministério Público faça a denúncia”, detalhou o delegado.

Abaixo, vídeo com imagens de câmeras de segurança mostram o momento da agressão.


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