Caravana ecumênica encontra dor e sofrimento em acampamentos indígenas
Missão formada por lideranças religiosas encerra hoje agenda de três dias em Mato Grosso do Sul
Dor e sofrimento. Essa foi a realidade encontrada em acampamentos indígenas de Mato Grosso do Sul percorridos por lideranças religiosas da caravana ecumênica. A missão chegou quarta-feira (20) a Campo Grande, ontem percorreu áreas de ocupadas nos municípios de Coronel Sapucaia e Amambai e hoje encerra a agenda com ato público em Dourados, a 233 km da Capital.
Antes do ato, que ocorreu na Praça Antônio João, no centro, os religiosos foram ao acampamento “Aratikuti”, ao lado da Aldeia Bororó, onde distribuíram roupas e conversaram com os indígenas.
Grupos acampados no entorno da Reserva de Dourados – a mais populosa do país com quase 20 mil índios – reivindicam a ampliação da área. Segundo lideranças indígenas, parte da reserva de 3.600 hectares criada em 1917 foi invadida por agricultores ao longo dos anos.
“Além da realidade de dor e sofrimento, ouvimos denúncias que nos deixaram muito preocupados. Também nos causaram impacto as condições de vida dessas pessoas que sofrem constantes ameaças, enfrentam insegurança alimentar e falta de assistência médica”, afirmou hoje em Dourados a pastora Sonia Mota, da Igreja Presbiteriana Unida, de Salvador (BA).
Valdelice Veron, porta-voz da entidade Aty Guasu, afirmou que a comunidade indígena não tem mais diretos em Mato Grosso do Sul. “Junto com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, enviamos documento à Corte Penal Internacional da ONU em Bruxelas pedindo a ADPF [Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental] é uma das ações que fazem parte do controle concentrado, o último socorro de um povo”, afirmou.
Representantes indígenas de aldeias de Dourados e de municípios da região levaram cartazes para protestar contra o assassinato de lideranças em áreas de confronto nos últimos anos, como o cacique Nisio Gomes, desaparecido desde 2011, após ataque de seguranças de fazendeiros à comunidade Guayviry, no município de Aral Moreira.
Os religiosos também participaram de danças e rezas dos guarani-kaiowá junto com estudantes universitários, no calçadão da Catedral de Dourados.