Com índios acampados no quintal, sitiante está há 127 dias fora de casa
Moradora disse que casa foi invadida por um dos líderes da ocupação de áreas no perímetro urbano de Dourados
Desde 5 de março deste ano, a sitiante Vanilda Alves Valintin está fora de casa e morando com a mãe. Na madrugada daquele dia, Vanilda, o marido e dois filhos pequenos abandonaram a residência, localizada em um sítio na região norte de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande.
Apesar de localizada no perímetro urbano, a propriedade fica próxima à reserva indígena local e assim como outros quatro sítios vizinhos está ocupada por índios guarani-kaiowá.
Vanilda disse que desde o dia que deixou o local temendo pela sua segurança e pela integridade física dos filhos, ela nunca mais voltou ao sítio e aguarda, com desânimo, a reintegração de posse para poder voltar para casa.
“Nem a Polícia Federal foi até minha casa. Agora eles [índios] são muitos, temos medo de chegar perto. Dizem que um tal Gabriel, filho de um dos cabeças da invasão, que está na minha casa”, afirmou a sitiante ao Campo Grande News.
Em abril, o juiz federal Janio Roberto dos Santos determinou a reintegração de posse da área, mas como os índios não saíram pacificamente, os proprietários esperavam que a Justiça determinasse à Polícia Federal o despejo dos invasores.
Entretanto, em reunião com os proprietários o juiz teria dito que não mandaria a polícia fazer o despejo e orientou que recorressem ao TRF (Tribunal Regional Federal), em São Paulo.
Na semana passada, o juiz Janio dos Santos foi substituído por uma juíza da Capital e o novo titular da 2ª Vara Federal em Dourados deve ser definido até o final de agosto, o que pode atrasar ainda mais a reintegração de posse dos sítios. Pelo menos cinco propriedades continuam ocupadas, segundo os moradores.
Funai atua na área - De acordo com a Funai (Fundação Nacional do Índio), a área onde ficam os sítios é reivindicada pelos guarani-kaiowá desde 1970. Estudos antropológicos já foram iniciados, para identificar as terras como de ocupação tradicional indígena.
“Os procedimentos administrativos de identificação e delimitação das terras indígenas guarani-kaiowá foram objeto de Compromisso de Ajustamento de Conduta proposto pelo Ministério Público Federal em 2007”, informou a assessoria do órgão federal.
Segundo a Funai, os estudos das áreas reivindicadas no entorno do município de Dourados fazem parte do Plano Plurianual 2016-2019, determinado por decisão da Justiça Federal. “A regularização fundiária dos territórios guarani-kaiowá no Mato Grosso do Sul é tratada como prioridade da instituição”, afirma o órgão federal.