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Interior

Envolvidos em compra de votos temiam que “casa caísse”

Medo era de que a Polícia Federal descobrisse o crime e houve até pedido para apagar mensagens

Lucia Morel | 24/11/2021 17:25
Montagem de fotos que mostra dinheiro encontrado com lista de nome e planfletos localizados no dia da operação. (Foto: Reprodução)
Montagem de fotos que mostra dinheiro encontrado com lista de nome e planfletos localizados no dia da operação. (Foto: Reprodução)

Em áudios obtidos pela Polícia Federal durante investigação para a Operação Mercês, que investiga a compra de votos por correligionários do atual prefeito, Marcelo Iunes (Podemos), os envolvidos comentaram do temor de serem descobertos e houve até pedido para que mensagens fossem apagadas para não deixar rastros.

Os áudios, que também confirmam o esquema e revelam os casos já expostos pelo Campo Grande News de troca de votos por exames de saúde e até marmitas, indicam o medo de serem pegos.

Em um dos arquivos de som, servidor do alto escalão da prefeitura comenta que enviará dinheiro para que eleitor comprado pegue R$ 1 mil no prédio da administração municipal.

Esse recurso seria pago para que a pessoa realizasse exames médicos em laboratório do irmão do prefeito, o Citolab e ao que parece, a negociação foi feita pelo telefone, de onde se pediu que as provas fossem apagadas e ainda, que dados de computador da empresa também o fossem.

Cestas básicas trocadas por votos. (Foto: Reprodução)
Cestas básicas trocadas por votos. (Foto: Reprodução)

“Se a Federal bater aí e pega esse computador aí, também cai a casita, né?”, questiona outro servidor diante do pedido do outro funcionário, mas de alto escalão, que orienta ainda: “Fala pra esse cara apagar também esse negócio do telefone dele, por favor”.

Nessa mesma negociação, foi pedido também para que carimbo da Citolab, que permitia o encaminhamento de exames, “sumisse” da empresa.

Operação - Durante a Operação Mercês, deflagrada no dia 19 do mês passado, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão na cidade. A intenção era esclarecer a associação de servidores públicos e vereadores do município para a compra de votos. O termo “mercês” vem do latim e sintetiza o modo de funcionamento da prática eleitoreira baseada em clientelismo, esquema observado na investigação.

Em nota, a assessoria da Prefeitura de Corumbá informou que "nem o prefeito Marcelo Iunes e nem a Prefeitura de Corumbá foram comunicados oficialmente sobre o teor da investigação. O prefeito reafirmou que está a disposição da Justiça para qualquer esclarecimento que seja necessário e que nunca compactuou e nem teve conhecimento sobre compra de votos ou troca de favores visando vantagem eleitoral".

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