Prefeito de Corumbá recontrata 116 comissionados após demissão em massa

Após demitir 290 servidores comissionados da prefeitura de Corumbá, o prefeito reeleito Marcelo Iunes (PSDB) recontratou 40% desse quantitativo, somando 116 funcionários. As nomeações estão no Diário Oficial do município de ontem (4) e hoje (5). Além disso, também foi feita a nomeação dos secretários e adjuntos.

Ontem, 10 nomes foram designados para ficar no gabinete do prefeito, porém, o decreto foi anulado hoje e apenas um nome foi mantido ali. Já na Secretaria de Assistência Social e Cidadania, foram seis nomeações, enquanto na pasta de Finanças e Gestão, apenas um novo servidor comissionado foi nomeado.

As pastas recordistas de recontratações foram a de Infraestrutura e Serviços Públicos, Planejamento e de Projetos Estratégicos e a Fundação de Meio Ambiente do Pantanal. Na primeira, as recontratações entre ontem e hoje somaram 25 nomes.

Já na secretaria de planejamento, foram 19 servidores designados, enquanto houveram 17 nomeações na fundação de Meio Ambiente. Por fim, a pasta de Saúde, com 15 nomeações, Procuradoria-Geral, com 12, e a Agetrat (Agência Municipal de Trânsito e Transporte), com 13, completam a lista, fechada pela assessoria institucional, com sete.

Comissionados e gastos - As demissões em Corumbá no final do ano passado, depois das eleições, foram acompanhada de promessa de recontratação ao menos parcial dos comissionados dispensados. Iunes alegou que faria reestruturação na máquina pública, inclusive com fusão de pastas para esta segunda gestão à frente da prefeitura.

Em seu primeiro mandato, Marcelo Iunes o iniciou como vice-prefeito, filiado ao PTB. Contudo, no fim de 2017, ele assumiu o posto de prefeito após a morte do titular Ruiter Cunha, então no PSDB, partido ao qual mudaria após ficar com a chefia do Executivo.

Esse período à frente da prefeitura foi marcado por altos gastos com comissionados, fazendo uma verdadeira 'escalada de contratações' com nomeações diversas. No primeiro ano da 'escalada', os gastos com essa modalidade de trabalhadores foi de R$ 34 milhões.

Já entre janeiro a novembro de 2020, o total gasto com salários de comissionados bateu recorde e passou dos R$ 32 milhões. No mês de janeiro do ano passado, Iunes bateu recorde de contratações de comissionados, que chegaram a marca de 595 nomes e uma despesa de R$ 3,1 milhões na folha salarial por mês.

Os números permaneceram nesse patamar por pelo menos mais três meses, até a abertura de apuração do Ministério Público, em maio. Daí em diante, o número de comissionados empregados pelo prefeito Marcelo Iunes e os gastos salariais com os mesmos foi reduzindo gradualmente, conforme disposto no Portal da Transparência.

Já incluindo os salários dos secretários, a prefeitura teve que desembolsar R$ 3,2 milhões tanto em janeiro como em março. Na folha de maio, junho e julho, o valor foi de R$ 2,7 milhões. Já mais próximo das eleições, a partir de agosto, o desembolso foi de R$ 2,8 milhões mensalmente, chegando aos 2,9 milhões na folha de novembro.

Alvo de operações - Recentemente, a prefeitura de Corumbá e a família Iunes foi alvo de operações da PF (Polícia Federal) referentes a contratos suspeitos de corrupção com empresas fornecedoras, entre elas, um laboratório na cidade que está em nome do irmão de Marcelo Iunes, José Batista Aguillera Iunes, e já pertenceu a esposa dele.

Ao todo, foram três operações em um mês no período pré-eleitoral. Mesmo assim, Iunes foi reeleito prefeito com 42% dos votos, batendo o vereador Gabriel Alves (PSD) e o ex-prefeito e ex-deputado estadual Paulo Duarte (MDB).

Marcelo Iunes também foi alvo de vários inquéritos do MPMS durante sua primeira gestão, principalmente, por causa de contratações de parentes. Atualmente, sua esposa Amanda Balancieri e sua cunhada Glaucia Iunes são secretárias de Cidadania e Direitos Humanos e de Assistência Social, respectivamente.